quinta-feira, 17 de novembro de 2016

VIDA DO CRAQUE HELIO MIRANDA Escrito por Lauthenay Perdigão para o Jornal de Serviço Esporte nos anos 70.


Os torcedores mais amadurecidos, por certo, se lembram de Helio Miranda como jogador. Foi uma carreira rápida e cheia de momentos alegres e tristes. Helio começou no juvenil do CSA. Depois se transferiu para o CRB onde começou jogando nos aspirantes para no mesmo ano jogar algumas partidas pelo time principal. Ainda em 1952 recebeu um convite para jogar no Auto Esporte e aceitou. Começou muito bem. Foi campeão do torneio inicio e fez a maioria dos gols que garantiram o titulo para o Auto Esporte. Realizou grandes atuações e isso lhe valeu uma convocação para a seleção alagoana que disputou o campeonato brasileiro de seleções em 1954. E mesmo com um convite para se transferir para o Renner de Porto Alegre, terminou indo para o Sport Clube do Recife. Depois de dois anos no clube da Ilha do Retiro se transferiu para o Bangu do Rio de Janeiro. No clube carioca sofreu uma séria contusão e abandonou o futebol aos 23 anos de idade.
Sua história como jogador de futebol foi cheia de fatos curiosos e que merecem destaque. As vésperas do Torneio Inicio, Helio tinha certeza que iria jogar pelo CRB. No sábado, quando não viu seu nome na relação entre os jogadores relacionados pelo treinador Zequito Porto para o torneio ficou chateado. Nesse mesmo dia e recebeu um convite de Batista Cortez para jogar no Auto Esporte já do domingo. E no dia seguinte, para surpresa dos regateanos, Helio surgia em campo vestindo a camisa do Auto Esporte. Fez gols em todas as partidas e ajudou seu novo clube a ser campeão. Sua passagem na seleção alagoana foi marcada pelo sempre lembrado jogo contra a Paraíba, no Mutange. Depois de que Alagoas perdia no primeiro por 3x1, os jogadores se reuniram no vestiário, analisaram a situação, voltaram para o campo e viram o jogo para 4x3. No Sport Recife foi muito feliz. Jogou ao lado dos alagoanos Dengoso, Carijó e Claudinho. Se sentia como se estivesse em Maceió. Foi campeão duas vezes. A primeira no jogo contra o América e se consagrou. Durante o jogo Helio se contundiu e deixou o campo por uns dez minutos. Foi uma pancada forte, na cabeça, que lhe quebrou alguns dentes. Mesmo assim, Ele voltou ao campo e quando faltavam oito minutos para o final do jogo. Um lançamento do Zé Maria Helio pulou com o goleiro do America, Vicente, a bola tocou na sua cabeça e foi para as redes americanas. Naquele instante, Helio foi sufocado pelo companheiro e nem sabia o que tinha acontecido. Era o gol do campeonato. Dias depois, o técnico Gentil Cardoso pediu para Helio jogar outra decisão pelos aspirantes. Mesmo doente, o alagoano foi e marcou um dos três gols do Sport. Foi novamente campeão. No Bangu começou muito bem. Todos gostavam dele. Quando estava pronto para entrar no time titular sofreu uma grave contusão nos ligamentos do joelho e ficou sem jogar. Apesar das operações realizadas e assistência do Dr. Hilton Gosling, Helio teve que parar.
Mas a maior história de Helio Miranda é aquela que envolveu seu irmão, o radialista, Haroldo Miranda. Muitos comentavam que o locutor esportivo da Rádio Difusora, no torneio inicio quando Helio estreou no Auto Esporte, chegou a gritar emocionado – Gol do meu irmão. Mas a coisa não foi bem assim. O próprio Haroldo conta que já estava cheio dos comentários e contou o que realmente aconteceu. Em um amistoso noturno, do Auto Esporte contra o ABC de Natal, Helio pegou bola e fez um gol sensacional. Driblou os zagueiros, o goleiro e entrou com bola e tudo. Nesse lance, Haroldo resolveu uma gozação em cima daqueles e que com ele brincavam, e gritou – Agora sim, gol do meu irmão.

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