sábado, 2 de abril de 2016

Documentos do SNI mostram corrupção da Odebrecht na década de 1980 Papéis do Serviço Nacional de Informações obtidos por ÉPOCA narram casos de corrupção entre empreiteiras investigadas na Lava Jato e políticos desde os anos 1980 ( REVISTA ÉPOCA)

O líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, identificado como LILS, rodava o país em campanha. O ano era 1989 – mais de duas décadas antes da Lava Jato e da criação da empresa de palestras do ex-presidente que está sob investigação. O informe 010894 do Serviço Nacional de Informações, o SNI, detalha a viagem de Lula em outubro daquele ano pela Bahia. Ele sobe ao palanque para discursar e condena a obra da Barragem Pedra do Cavalo, no Estado: “Não serve para nada e foi construída para que as empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa mamassem US$ 650 milhões”, disse Lula. Na obra de Pedra do Cavalo, a Odebrecht foi acusada de apresentar proposta exatamente igual àquela fornecida no edital do governo e de ser a “favorita” do então governador baiano, Roberto Santos, do PMDB.
Usina de Angra dos Reis durante obra (Foto: Cicero de Oliveira/Folhapress)
Documentos inéditos, guardados no Arquivo Nacional em Brasília e obtidos por ÉPOCA, revelam o modus operandi da maior empreiteira brasileira, que desde a década de 1980 compra apoio de políticos, alicia servidores públicos, presta favores e oferece benesses em troca de contratos públicos. Os registros do SNI – que não tinha função de investigar ou instaurar processos criminais, apenas de produzir informação e relatórios para subsidiar o Palácio do Planalto – dificultam tentativas de negociação de um acordo de leniência que atribua os procedimentos revelados pela Lava Jato a apenas uma diretoria da empresa. É uma regra geral da empreiteira, como mostram os papéis. 
Ao mesmo tempo que criticava as empreiteiras que hoje lhe são tão caras, Lula era apontado por outro presidenciável como o “candidato” das construtoras. As empresas da Lava Jato estão nesta contradição há décadas. As secretárias da Odebrecht Conceição Andrade e Maria Lúcia Tavares, esta última presa na 26ª fase da operação, fizeram declarações que corroboram a tese de que a propina era o modo básico de fazer negócios da empreiteira. Maria Lúcia, em sua colaboração premiada, detalhou o esquema de pagamento a políticos. Era ela a responsável por organizar a planilha com codinomes e o controle dos pagamentos paralelos e suprapartidários da Odebrecht, que tinha um departamento específico para o trabalho. O quebra-cabeça vinha sendo montado sem a ajuda da cúpula da empresa, que decidiu recentemente colaborar com as investigações.
O informe 19/1984 da Agência Goiânia do SNI revela que repasses da Odebrecht ajudaram o pré-candidato à prefeitura de Goiânia Iris Rezende (PMDB) a comprar uma fazenda no valor de 700 milhões de cruzeiros em Mato Grosso. Segundo o registro, Iris recebeu 500 milhões da empreiteira e usou 400 milhões na compra do imóvel. Iris Rezende é um dos políticos mais ricos do país. Em sua última disputa, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), R$ 30,9 milhões. Entre os bens: as fazendas Estrela, adquirida em 1982, e Mutirama.
( Leiam matéria completa na revista ÉPOCA)

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