terça-feira, 12 de janeiro de 2016

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA


DE SAUDADES E DE BEATIFICAÇÃO
Ronald Mendonça
Médico. Membro da AAL

> Parodio Chico Buarque de Holanda, o riquinho guru das esquerdas festivas e acabrunhadas: apesar de Dilma, de Lula e de todo o séquito de assaltantes do País, "Amanhã será outro dia".
> Rabisquei esse texto no derradeiro  dia do ano. Plagio um poeta do cotidiano "mais um ano se passou e sequer ouvi suas vozes, sequer consegui vê-los. Algumas vezes, nostálgicas silenciosas noites, debruçado no computador, quer dar-me a impressão de que não estou sozinho. Leda ilusão. Apuro os sentidos e dou-me conta da solidão dos meus pensamentos.
> Mais de dezesseis anos já se foram.A brutalidade das mortes  de Lavínea e Roninho ejetaram-nos a tormentosos caminhos. Minha família e eu ultrapassamos a barreira do som do sofrimento e vagamos no espaço sideral das dores e das saudades.
> Tudo levava a crer que estávamos irremediavelmente perdidos nessa estratosfera, espécie de reino de Hades.

> Mortos vivos na incredulidade da crueldade. De repente, deslumbramos uma réstia de esperança. Uma estação espacial chamada Caio, oásis nesse desértico futuro, nos fez perceber que seria possível ter direito ao reencontro com a vida.
> Logo depois, uma especial estação chamada Maria Clara confirmou que nem tudo estava perdido. Os amores de Caio e Maria deram novo sentido e nos guiaram de volta. Percebemos que temos direito a ser felizes, mesmo carregando angustiante fardo. De quando em vez caímos, mas levantamos.
> É deste modo que estamos aqui no Porto. Meu filho Carlos Eduardo, nossa doce Bruninha e os netinhos Caio e Maria. Eduardo está fazendo mestrado em criminologia na tradicional Universidade do Porto. Bruna recicla-se e  doutrina-se numa Faculdade de Designer. As crianças estão no Lyceu. Eles estão bem, diria, felizes.
> Volto a contar-lhes histórias da minha infância,  das minhas pequenas e insignificantes venturas e aventuras. Bom ouvinte, repito histórias ouvidas do meu pai. Às vezes exagero. Transformo vulgaridades, enquanto goleiro de várzea, em memoráveis defesas.
> Outro dia,  caí na besteira de dizer que aos cinco anos realizei uma defesa tão empolgante que os amigos passaram a me chamar de "Nonda", referência a simpático diminutivo do goleiro Epaminondas, que durante anos brilhou no glorioso CSA, nos meados do século passado.
> De "vô" ou vozinho, agora virei alvo das gargalhadas de Caio e Maria, logicamente com a participação do filho Eduardo. Não deixo de graça. O filho é o "Nonda Júnior" e o neto, "Nonda Neto".
> Para coroar nossa visita ao Porto, ontem à noite voltei a reencontrar o famoso neurocirurgião luso, Óscar Alves, um dos mais notáveis especialistas da Europa. Encontro maravilhoso entre as famílias. Pareceu que nos conhecíamos há milênios, certamente, em remotas reencarnações  fazíamos trepanações crania

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