Martha Medeiros
O assunto hoje é praia!
“Que praias serviram de cenário para sua história ?” (frase extraída da
de crônica publicada na Revista O Globo 06/12/2015 por Martha Medeiros).
Prezada Martha Medeiros
Sua pergunta mexeu
comigo. Sabe por que ? Sou carioca da
gema ... ih gema, alguém ainda fala isso ?
Já viu né ? Nasci no final do anos 40. Ah... do século passado. Praia, banho de mar e vida... Pois eh!
Tudo fundido na memória como uma coisa só. As vivências, família, valores, escolhas na
nossa vida, casamento e nova vida constituída... Fiquei na Zonal Sul até hoje, mas a praia tá
tão longe aqui do Jardim Botânico... nossa!
Esqueci a ultima vez que tomei banho de mar! E, agora, ver a beira da praia, só de carro e
de passagem para as compras, médicos, dentista ou mostrá-la para algum
visitante... E nossas escolhas ... As
primeiras recordações de infância? Praia da Urca, com o cassino da Urca ao
fundo. Praia linda baldinho, irmãos, muita brincadeira e subindo ladeira S.
Sebastião na volta pra casa. Década de
50. Aos sete anos, muitos irmãos e...
morando numa vila em Botafogo, o banho
de mar era em Ipanema. A praia aos domingos vista de perto, da casa do tio-avô.
A casa deles ficava numa esquina de
Ipanema, muro baixinho, vista para a praia. Pouca gente, praia quase deserta.
Algumas idas para mergulho e brincadeiras, castelinhos de areia, primos, fotos,
muita arte, histórias de viagens à Europa para estudos... tudo junto! Na década 60. Adivinhou ? Castelinho e Arpoador, saindo
direto da vila em Botafogo, tomando o lotação, com a turma de irmãos, primos,
vizinhos. Sozinha nem pensar! Frescobol,
jacaré (só para os homens). Mas, tinha a torcida, claro. Passava o vendedor de
biscoito Globo... Tem também o lance do maiô para o “duas peças” ou “biquíni”.
Conversas em família, pode não pode, quem da turma já usando... Mas qual o
modelo permitido ? Fora as que usavam
escondido dos pais. Primeiras paqueras com desconhecidos (não eram da
turma). E tinham que se enturmar com
todo mundo, para o namoro ir para adiante.
Porque, depois o compromisso implicava em ir junto com a turma para os
“arrastapés” ao som da vitrola, passeios, festas juninas com dança de
quadrilha, time da turma de vôlei, futibol... Primeiras viagens sem os pais
para o nordeste. E, muita praia e com carnaval, tudo junto! Década de 70 continua a praia em Ipanema.
Nossas escolhas ? Estudar muito, ser
independente financeiramente trabalhando e estudando... concursos, mestrado...
curso de desenho.. E a praia menos frequente, claro... Mas cadeirinha de praia
e a gente fazendo caminhos com o calcanhar só quem viveu sabe o que é. O namoro e o casamento com goiano do
interior... Trabalho, filho, família. A
praia ficou longe... Década de 80. A
salvação ? Mamãe e Papai mudaram para o
Leblon, bem pertinho da praia. Que saudade! Livre acesso na casa deles para estacionar,
lavar os pés sujos de areia, tomar banho após a praia, com direito a um
lanchinho. O banho de mar no Leblon...
Ah não era como Ipanema, valia a caminhada para o mergulho. Valia mesmo
a caminhada na areia ao longo da orla. Valia levar filho e sobrinhos. Vida boa! Ah mas, tinham as escolhas. Na
década de 90, o doutorado onde? no interior paulista. Onde fica a praia mesmo
heim ? E continua perto da casa da
mamãe, agora com a orla liberada para a caminhada de domingo. Mergulho rápido. E
o almoço ? E o sol a pino no verão? e o
alarme sobre o câncer de pele? Mas valia ver o por do sol no verão... Novo século, onde fica a praia mesmo heim
? Esta bem ali, mas tá longe... E as
nossas escolhas... Obrigado à vida ... Ass. Angela Maria Studart da F. Vaz
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