quarta-feira, 9 de setembro de 2015

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND

O MAR VERMELHO DAS ALAGOAS
Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras de do IHGAL



Como a maioria das crianças, muito cedo aprendi sobre a travessia do Mar Vermelho, quando Moisés, usando a força da Fé, guiou seus irmãos israelitas para bem longe da ira dos guerreiros egípcios e seu faraó Ramsés
Outro dia, visitei Mar Vermelho. Não aquele volume de água salgada, cantado em prosa e verso nos sermões e pregações cristãs, mas a cidade conhecida como a Suíça Alagoana, situada há pouco mais de noventa minutos de Maceió. Recordo que, quando lá cheguei, durante a tarde, os termômetros registravam pouco mais de dezessete graus. Minha primeira impressão foi de que estar entrando em uma urbe feita de giz, toda miúda, aconchegante, bem arrumada e,  ao contrário dos bíblicos hebreus, somente percebi afeição e receptividade no olhar dos nativos.
Imediatamente entendi ser Mar Vermelho  a própria poesia, quase um poema. Logo, senti um  perfume fantástico, se exalando,  não somente dos campos que a cercam como dos inúmeros jardins de suas praças, repletas de rosas e jasmins de cores  variadas. Cidade de gente que se conhece e é amiga; de pessoas que sorriem para você na calçada e, se necessário for, deixam você entrar em sua casa; Cidade onde as crianças aprendem, nas escolas, não somente o conteúdo dos livros, mas a interpretação de fábulas variadas e o fazem em ambiente público, encantando a tantos quantos lhes prestigiam com a audiência.
Mar Vermelho, posso dizer, é uma verdadeira pérola encravada em um vale de esmeraldas, possuindo menos de uma centena de ruas, uma pousada bem aconchegante, meia dúzia de supermercados com todos os itens encontrados nas grandes redes da capital; dois restaurantes, em seus arredores, o conhecidíssimo Trapiá e o recém inaugurado Serras Alagoanas, ambos administrados integralmente (principalmente a cozinha) pelos proprietários, cujos cardápios nos oferecem uma culinária que, ao degustá-la parece estarmos flutuando nos céus.
À noite, o espaço azul turquesa, límpido, repleto de estrelas, luar bem definido deixando visível a eterna luta de São Jorge contra o dragão, estrada bem iluminada delineada pelo declive dos morros e, bem ao longe, as luzes das cidades grandes que circunvizinham aquele paraíso. Nas mãos, um copo de vinho regando boas conversas, enquanto se espera o início dos shows integrantes da programação oficial do III Festival de Inverno.
Uma noite, o Frei Damião cantor, alegrando, com suas músicas católicas, as quase cinco mil almas presentes à arena especialmente preparada para o evento. No dia seguinte, as vinte mil pessoas vibrando com Raimundo Fagner, de lá saíram realmente querendo ser um peixe. Uma multidão, infinda alegria, nenhuma briga ou desentendimento entre os circunstantes, apesar do grande volume de bebida ingerida por quase todos, além da Pracinha de Alimentação, com food trucks organizados a ponto de fazer inveja a Nova York. Um verdadeiro show... inesquecível.
Posso dizer, sem exagero, haver deixado Mar Vermelho encantado, sentindo-me­ muito mais feliz que Moises: Ele guiou seu povo em busca da terra prometida, contudo, durante o árduo périplo o viu sofrer as mais variadas privações. Eu, por outro lado, lá estive com minha família e, sempre em família, vivenciei, não somente felicidade, mas carinho amor e receptividade. Vale a pena conhecer Mar Vermelho. A Suíça Alagoana.

 Foi neste momento que imaginei o esforço dos seus habitantes em regar a cada dia o local para somente assim lhe emprestar mais viço e beleza. O mesmo acontecendo com a limpeza de suas ruas
Eu vi as crianças indo ao colégio,
As vezes crédulo e forte em outras frágil e descrente. Medroso ou covarde, altruísta ou destemido o ser humano é bem retratado pela pirotécnica espiritual proveniente dos livros que descrevem seu comportamento não somente naquela época mas ao longo dos tempos.

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