sábado, 19 de setembro de 2015

A CRÔNICA DE RONALD MENDONÇA

O PERDÃO A PAPAI NOEL

Ronald Mendonça

Até os meus netos, Caio e Maria Clara, nascerem  tinha  dúvidas sobre a existência de Papai Noel. Na infância, eu tinha quase certeza de que ele não existia. Ele nunca nos visitou. Acho que os meus pais não iluminavam direito o velho coqueiro, daí, PN, certamente,  concluía que não morava ninguém naquela casa.
Nas  noites de Natal,  esperei surpreender o Bom Velhinho. Nada.  Joguei a toalha.   Achava que ele fazia forfait porque nós  éramos muito danados. Fazíamos coisas feias, como, por exemplo, roubar frutas nos sítios do seu Saraiva. E mais outras coisas das quais  não quero falar.

Casei, tive filhos... Na minha casa Noel nunca foi levado a sério. Muitas vezes fiquei matutando se ele não se sentia desnecessário. Nadja, minha esposa, comprava os presentes das crianças e do resto da família. Quem sabe, esse fato deixaria PN magoado...

Como queria dizer, quando os netos chegaram, voltei a ler histórias que eu havia esquecido.  Li coisas que eu jamais havia aprendido. Assisti filminhos... Algumas histórias mais modernas.... Chapeuzinho Vermelho, não. Era minha velha conhecida dos tempos dos filhos. Tive  que readaptar as vozes do Lobo e do Caçador. Com a idade, o timbre  abaritonado ajudou...
 Eu me superei imitando a voz do tubarão Bruce, aquele do Procurando Nemo.
 Como sinto saudades da tenra infância dos meus netos. É com imensa tristeza que eu penso que eles não mais irão pedir para eu dizer: "Aloooô! O que este casal de peixinhos está fazendo uma hora dessas por aqui?" Debrucei-me  nos dinossauros. Contudo, meus conhecimentos eram rasteiros, primários, quando comparados aos do Caio...

Aonde quero chegar? Em 2008, fomos a Gramado, para o Natal Luz. Conseguimos as noites de Natal e vizinhas. Emocionante. Guardei fotos dos meus netos conversando com o "verdadeiro" Papai Noel.  São de uma carga afetiva inenarrável. Caio e Maria Clara, finalmente, estavam diante do mito.
Diálogos inesquecíveis. Caio, mais velho dois anos, mais ligado, entendeu que as renas de isopor do grande desfile alegórico estariam "encantadas".  Num dado momento, arguiria: "Papai Noel, você existe mesmo?" A resposta foi encantadora: "Eu existo na mente e no coração das pessoas". E ensinou: "Jamais deixem de imaginar na minha existência".

 E foi assim que nunca mais eu duvidei da existência desse camarada. Ele me frustrou muito, é fato. Mas agora eu o perdoei.

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