quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Mariana Munhão: “Não é fácil acordar e saber que a sua filha virou filho” ÉPOCA

À direita, Luan Munhão, 15 anos, que se descobriu transgênero após fazer pesquisas e ler sobre o assunto na internet. À esquerda, ainda quando criança, Luara Munhão. "É como ter uma irmã que já morreu", ele explica (Foto: Arquivo pessoal Mariana Munhão)
“Engravidei do Luan aos 16 anos. Hoje estou com 32. Deixei o emprego como vendedora para aproveitar melhor o tempo com meus três filhos: Luan, de 15 anos; Raissa, de 11; e Pietra, de 4. O nome do meu filho no documento, no entanto, ainda consta como Luara. Ele étransgênero, um homem no corpo de uma mulher. A definição é justamente essa: pensa como menino, age como tal, só que num corpo biologicamente feminino.
"Desde os 4 anos, quando começou a ter mais autonomia, o Luan fez escolhas de roupas e brinquedos considerados masculinos" diz Mariana (Foto: Arquivo pessoal Mariana Munhão)
Não é fácil acordar e saber que a sua filha virou filho. Amar, estar perto e acompanhar é o que vai fazer com que todo o resto fique mais fácil. A importância de entender as questões de gênero é muito grande. Quando as conhecemos é mais fácil identificar essa situação. Se pudesse, teria percebido e evitado momentos de tristeza. Sinto que tenho grande culpa de não ter ajudado antes e evitado a depressão do Luan.
A trajetória foi muito difícil até agora, ainda que estejamos apenas no início. O pai dele é ausente desde os 4 anos e, nas poucas vezes que apareceu – a última foi há dois anos –, o Luan não quis vê-lo nem conversar. Quando me separei, as figuras masculinas que fizeram parte do desenvolvimento dos meus filhos foram as dos meus irmãos, Rafael e Vinícius, e do meu atual marido, o Sérgio, com o qual sou casada há 6 anos.
"Quando se conhece [os transgêneros], fica mais fácil identificar a situação", conta a mãe (Foto: Arquivo pessoal Mariana Munhão)

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