sexta-feira, 24 de julho de 2015

UM POEMA DE PEDRO CABRAL


Questão de ordem

Aconteça pela manhã,
seja escroto pela tarde,
fareje a noite adentro 
e salve a tempestade.
Depois, na madrugada solene,
faça um pouco, só um pouquinho,
da mais fina sacanagem.
Lambuze a flor túrgida,
toda suada, com um pouco de mistério.
Traduza o cinema mudo
em termos de fuleiragem
e se quiser ainda ter um pouquinho de alimento,
cante um poema safado,
como se fosse morrer de amor
com os olhos de Castro Alves.
E vá tomar sorvete
na calçada da infâmia
onde dormem, todas tolhidas,
a noite e a verdade.
Pedro Cabral

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