sexta-feira, 8 de maio de 2015

A CRÔNICA DE RONALD MENDONÇA

ESTO BREVIS ET PLACEBIS

RONALD MENDONÇA
MÉDICO. MEMBRO DA AAL

Não quero baixar o nível e dizer que as bruxas andaram soltas nas últimas semanas e arrebataram do nosso convívio três grandes figuras da intelectualidade alagoana:Romeu Loureiro, Divaldo Suruagy e José Medeiros.
Não há bruxas soltas, todos sabemos. Generosamente, a biologia refere algo como um certo “ciclo vital” que se fecha e dá como encerrada a participação do ser vivo, que um dia, no caso dos humanos,  foi um feto, fez-se criança, passou pela tormentosa adolescência, depois juventude, amadureceu, envelheceu e morreu. Alguma crença usa o “desencarnar” como um movimento do espírito que, ao se ver  num corpo inanimado, bate em  justa retirada em alguma direção que só os iniciados conseguem explicar.
Aquele conjunto de corpo e alma teve medos, anseios, amou, sofreu decepções, glorificou-se... Certamente muitos dos sonhos jamais foram transformados em realidade. Perderam-se (corpos e “almas”) algumas vezes, reencontraram-se, e depois só Deus sabe quantas vezes caíram e levantaram. Foram cireneus de si mesmos. Ou não.
Nesta quarta, a Academia Alagoana de Letras prestou justa homenagem, comme d´habitude, aos ilustres pares ausentes. Não quero ser pessimista, mas pensamentos sombrios perpassam pela nossa mente sexagenária. Seremos os próximos?
Como queria dizer, Enaura Quixabeira e Paulo Loureiro relembraram Romeu. Com efeito, o historiador, o profundo conhecer de artes, o biógrafo foram revisitados. Sua vida pessoal espartana, a personalidade irônica, o poliglota, o amigo fiel, mereceram destaques. Foram pinceladas que emocionaram parentes e amigos presentes.
A arte de Chico de Assis foi o paroxismo de virtuose ao cantar e declamar poemas que o cronista social da Gazeta de Alagoas escolheu como epitáfio. Na verdade, Romeu precisava estar vivo para descrever estes momentos de saudade.
Divaldo Suruagy foi “oficialmente” homenageado pelo colega RostandLanverly. Parece fácil escrever sobre  o Divaldo. Há o risco de se cair na mesmice descritiva dos cargos eletivos que o saudoso acadêmico exerceu. Íntimo do homenageado desde o desabrochar do grande estadista,Lanverly superou a todas as expectativas.
Não resisti e também ousei dizer algumas coisas. Embora de convivência pessoal adolescente com Suruagy, a admiração e o respeito são de várias décadas. Assinalo como “palavras que eu não disse” que o economista Suruagy não estava por acaso na AAL. Romancista, biógrafo, professor, cronista, pessoalmente ,tenho como uma das recorrentes fontes de pesquisa da história de Alagoas os textos do saudoso amigo.


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