ESTO BREVIS ET PLACEBIS
RONALD MENDONÇA
MÉDICO. MEMBRO DA AAL
Não quero baixar o nível e dizer que as bruxas andaram
soltas nas últimas semanas e arrebataram do nosso convívio três grandes figuras
da intelectualidade alagoana:Romeu Loureiro, Divaldo Suruagy e José Medeiros.
Não há bruxas soltas, todos sabemos. Generosamente, a
biologia refere algo como um certo “ciclo vital” que se fecha e dá como
encerrada a participação do ser vivo, que um dia, no caso dos humanos, foi um feto, fez-se criança, passou pela
tormentosa adolescência, depois juventude, amadureceu, envelheceu e morreu.
Alguma crença usa o “desencarnar” como um movimento do espírito que, ao se
ver num corpo inanimado, bate em justa retirada em alguma direção que só os
iniciados conseguem explicar.
Aquele conjunto de corpo e alma teve medos, anseios, amou,
sofreu decepções, glorificou-se... Certamente muitos dos sonhos jamais foram
transformados em realidade. Perderam-se (corpos e “almas”) algumas vezes,
reencontraram-se, e depois só Deus sabe quantas vezes caíram e levantaram.
Foram cireneus de si mesmos. Ou não.
Nesta quarta, a Academia Alagoana de Letras prestou justa
homenagem, comme d´habitude, aos ilustres pares ausentes. Não quero ser
pessimista, mas pensamentos sombrios perpassam pela nossa mente sexagenária.
Seremos os próximos?
Como queria dizer, Enaura Quixabeira e Paulo Loureiro
relembraram Romeu. Com efeito, o historiador, o profundo conhecer de artes, o
biógrafo foram revisitados. Sua vida pessoal espartana, a personalidade irônica,
o poliglota, o amigo fiel, mereceram destaques. Foram pinceladas que
emocionaram parentes e amigos presentes.
A arte de Chico de Assis foi o paroxismo de virtuose ao
cantar e declamar poemas que o cronista social da Gazeta de Alagoas escolheu
como epitáfio. Na verdade, Romeu precisava estar vivo para descrever estes
momentos de saudade.
Divaldo Suruagy foi “oficialmente” homenageado pelo colega
RostandLanverly. Parece fácil escrever sobre o Divaldo. Há o risco de se cair na mesmice
descritiva dos cargos eletivos que o saudoso acadêmico exerceu. Íntimo do
homenageado desde o desabrochar do grande estadista,Lanverly superou a todas as
expectativas.
Não resisti e também ousei dizer algumas coisas. Embora de
convivência pessoal adolescente com Suruagy, a admiração e o respeito são de
várias décadas. Assinalo como “palavras que eu não disse” que o economista
Suruagy não estava por acaso na AAL. Romancista, biógrafo, professor, cronista,
pessoalmente ,tenho como uma das recorrentes fontes de pesquisa da história de
Alagoas os textos do saudoso amigo.
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