sábado, 11 de abril de 2015

BLOG AILTON VILLANOVA - TRIBUNA HOJE


 Seminarista, católico praticante dos mais fervorosos, Plácido Parcimônio, o Pepê, todos os anos viajava a Israel, ou a Roma. Fazia disso uma obrigação. Quando chegava o mês de dezembro era batata. Ele pegava a mulher Alcalina, montavam os dois num avião e se mandavam pelos ares ou ao Oriente Médio ou a Cidade Eterna. Ao cabo de uns quinze ou vinte dias, o casal voltava retemperado, santificado.
      Numa dessas viagens ao Oriente Médio, resolveram ir mais a fundo: fizeram uma peregrinação de mais de duas semanas pelos lugares onde Jesus passou. Nessa peregrinação encontraram na estrada de Belém um homem de aparência bastante modesta, que acompanhava uma senhora grávida montada num burrinho. Emocionado, Pepê observou, dirigindo-se à esposa Alcalina:
      - Veja mulher! Isso só pode ser uma manifestação celestial!
      Alcalina não respondeu. Apenas benzeu-se.
      Pepê não se conteve. Aproximou-se do homem e da companheira.
      - Como é o seu nome? – indagou ao andrajoso.
      - José. – respondeu laconicamente o sujeito.
      - Que mal lhe pergunte, meu amigo... qual é a sua profissão?
      - Carpinteiro!
      - Desculpe-me pela intromissão e curiosidade. Essa senhora montada no animal por acaso é sua esposa?
      - É.
      - E como se chama?
      - Maria.
      Pepê emocionou-se ainda mais:
      - Mas isso parece um milagre! Não me diga que o menino vai se chamar Jesus...!
      E José, já irritado com tantas perguntas:
      - Claro que não! Qual é a sua, meu? Tá pensando que nós somos porto-riquenhos?!

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