quinta-feira, 26 de março de 2015

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND

DIVALDO SURUAGY – GRANDE HOMEM

Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL

            A escola da vida nos reserva imensos aprendizados... Ao longo dos tempos convivi com incontáveis pessoas, grande maioria dotada de boas qualidades, e todas de vital importância para a concretização de meus anseios. O contato cotidiano  amadureu-me o suficiente para entender ser um grande homem, não quem chega ao topo, possuindo mais divisas, casas, automóveis, ou vivendo cercado de muitas pessoas por ser donatário de poder, beleza e momentânea influência.
            Em minha concepção, o grande cidadão é transparente e não consegue se refugiar atrás das nuvens de inverdade. É o que sistematicamente disponibiliza a pureza e a honestidade, em todas as decisões tomadas diuturnamente, mesmo quando envolvido pelo jogo bruto da política.
            É assim que sempre vi Divaldo Suruagy... Um grande ser humano, quer como amigo e como político, pontificando durante décadas, em nosso Estado de Alagoas. Sempre soube ser como uma eclusa, ligando dois oceanos, uma pintura de Portinari, com suas cores e verdades ou até um Sun Tzu, o general estrategista e filósofo chinês que escreveu “a arte da guerra”, onde estabelece, como pilares do sucesso, a sabedoria, sinceridade, benevolência, coragem e disciplina.
            Com Divaldo Suruagy entendi que mesmo quem atravessa toda uma vida desfrutando o poder de mando, também um dia pode cair, mas, quando isto acontece, deve ainda possuir forças suficientes para levantar e continuar lutando... Nunca esqueci uma passagem escrita por Nicolau Maquiavel, onde expressou: “as tropas com as quais um príncipe defende seus domínios, sempre são integradas por grupos leais e por mercenários. As tropas cujos integrantes pertencem à segunda equipe, são inúteis. São soldados desunidos, ambiciosos, desrespeitosos aos amigos, covardes frente os inimigos. Os mercenários estão dispostos a servir ao príncipe em época de paz, quando podem, com facilidades, usufruir das benesses do poder, ordenhando as reses estatais... Iniciada a guerra, abandonam o barco”.
            Com Divaldo Suruagy, aprendi o que é decência... Nunca, em momento algum, ouvi-o maldizer, nem mesmo a doença que nos últimos dias ceifava suas energias, muito menos criticar personalidades que em muito contribuíram para os episódios funestos envolvendo sua vida pública.
            Domingo passado, dentre as milhares de pessoas inundando o espaço do Campo Santo Parque das Flores, uma delas me chamou a atenção. Vestia-se modestamente, parecia estar sozinha e deixava verter lágrimas dos olhos, que, a mim, pareciam ser sinceras. Justo no momento em que me aproximei do local onde ela estava alguém lhe perguntou o porquê do choro. A resposta foi mais ou menos esta: “é porque está partindo um grande homem que, ao longo de sua vida pública, nunca me fez chorar, muito pelo contrário, sempre me fez sorrir”.
            Assim é a vida... Divaldo Suruagy partiu, deixando a certeza de que, no Estado de Alagoas, lideres existem, já existiram e existirão, mas, grandes seres humanos, como ele, são pouquíssimos...

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