domingo, 23 de novembro de 2014

UM TEXTO DE RÔMULO BINI

INTEGRIDADE NACIONAL



A nação brasileira passa por momentos sensíveis e preocupantes após as últimas eleições. Na mídia e nas redes sociais são propaladas, diuturnamente, as expressões "País dividido" e "Dois Brasis", uma clara representação da existência de fissuras na unidade nacional. Elas se agravam dia a dia e já se fazem notar no próprio seio da população. Comprometem, inclusive, a convivência harmônica entre os partidos políticos, vital a qualquer regime democrático.
Tudo isso gera um antagonismo "nunca visto neste país", iniciado pelo grupo que nos governa, orientado por especialistas de marketing que não se importaram em empregar, nas propagandas e debates eleitorais, todos os meios para que a atual "presidenta" fosse reeleita.
O pobre já está sendo jogado contra a "zelite"; o trabalhador contra o patrão; o sulista contra o nordestino; o negro e o índio contra o branco; e o que é mais perigoso, abrangente e preconceituoso: o “nós contra eles”. Em síntese, um verdadeiro programa de ódio que já produz na sociedade sintomas de um transtorno de natureza psicossocial, onde o outro é o inimigo. E, para conturbar mais o quadro, esse ódio dá sinais de que não vai desaparecer tão cedo.
Desde o início da República alguns aspectos políticos permanecem vivos na sociedade e nos processos eleitorais, e atualmente já se fazem mais presentes e visíveis. Hoje, há, ainda, os "Senhores" que atuam em todo o campo político-social no qual grandes famílias se perpetuam em seus feudos, e que, juntamente com grupos empresariais de poder econômico, dominam o mundo político em prol de seus interesses. E as atuais "Senzalas", selo de empobrecimento, são movidas e alimentadas pelas "bolsas-famílias" e outras benesses doadas pelo governo central, cujo resultado é o voto de "cabresto", um voto imposto pelo patrão. Coronelismo, corrupção e voto "encabrestado" foram decisivos nestas eleições.
A oposição política e uma imprensa livre sem compromissos com o atual governo são Forças Vivas que devem se conscientizar do atual momento crítico. Que elas se contraponham ao que dizem os intelectuais gramcistas do Foro de São Paulo, quando apregoam que o país está “maduro” para novas mudanças. O decreto 8.243 (PNPS) foi uma das tentativas de instauração de mudanças pseudodemocráticas; e plebiscitos, referendos e novos decretos poderão vir também a sê-las.
No cenário atual outros aspectos somam-se ao momento crítico do país. São eles o rumoroso caso da Petrobras, o baixíssimo produto interno, a fragilizada economia com distorções de dados econômicos e, ainda, o inevitável descontrole da inflação. Sem contar o Judiciário  — uma das esperanças da sociedade —  que corre um perigo iminente em função das novas indicações para a sua Alta Corte (STF). O artigo 101 da nossa Constituição, que exige o "saber jurídico" para as indicações, não deverá ser observado. Prevalecerá a opção partidária e ideológica, coerente com tribunais de regimes bolivarianos. Será uma nova "Casa Grande”, a casa do patrão e não do povo brasileiro.
Entre as forças vivas acima mencionadas, as Forças Armadas devem ser incluídas. Elas fazem parte da sociedade e sabem que suas ações e palavras desfrutam de alta credibilidade junto ao povo brasileiro. Sabem que esses antagonismos existentes poderão levar a nação a confrontos indesejáveis, como em épocas pretéritas.
Nos doze anos de governo petista elas permaneceram praticamente em total silêncio. Mas, agora, estes aspectos antagônicos e manifestos, e outros de cunho latente e sub-reptício, impõem que elas não fechem os olhos para o que está acontecendo no nosso país e não fiquem mudas, para que não sejam acusadas de passividade perante a grave crise de nossa história. Que em seus estudos de Estado-Maior levem em consideração esta "fenda" em nosso psicossocial e os riscos que ameaçam a integridade nacional.
Este escrito não é um delírio de reacionários, e nem tampouco qualquer apologia golpista, mas um posicionamento de cidadãos conscientes que almejam um regime democrático sadio e justo para o Brasil e que abominam esse arremedo de regime “populista” e desagregador que aí está!

Gen-Ex R/1 Rômulo Bini Pereira
Ex-Chefe do Estado-Maior da Defesa



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