SE FOR AO AEROPORTO DE GUARULHOS: “RELAXE...”
Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL
Nunca imaginei que aquela pérola de sentença proveniente da loira paulista, hoje cada vez mais oxigenada e jovem, principalmente se vista à distância, fosse por mim endossada em todas as oportunidades que necessitei dos serviços do maior terminal aéreo do Brasil, também conhecido como Guarulhos.
Ultimamente estive por lá várias vezes, mais que o suficiente para atestar os problemas ali existentes, crônicos e de difícil solução, vez que a encrenca da terra se reflete diretamente no espaço, a partir do momento em que as aeronaves são orientadas pela Torre de Comando para seguirem até pontos remotos sobre o litoral de Santos, onde permanecem a voar em círculos por várias dezenas de minutos até finalmente receberem ordem de aproximação e pouso. Quando isto ocorre, inexiste espaço nas proximidades da área de desembarque. Em noventa por cento das oportunidades o traslado dos passageiros é realizado por ônibus velhos e sem equipamentos de acessibilidade.
A coleta de bagagens mais parece com o ruge-ruge de um Maracanã lotado, com pessoas buscando suas malas em esteiras rolantes defeituosas que quase sempre derrubam os objetos transportados. A demora é tão grande que no ambiente paira um odor de Milk Shake estragado proveniente da mistura do suor de todas as raças com o mofo que domina os ambientes diversos.
De posse das malas, o passageiro tenta colocá-las sobre carrinhos para transportá-las, mas logo desiste ao verificar que pelo menos uma das rodas normalmente está travada, como se uma folha de alface houvesse sido colocada em seu eixo fazendo com que o mesmo sempre se desloque para o lado oposto ao que se deseja chegar.
Na parte de uso comum do terminal, os problemas se repetem: piso quebrado, elevadores e escadas rolantes defeituosos, filas monumentais para o checkin e até nas outrora sofisticadas salas Vips, como a do American Express, que parecem haver encolhido ante o repetido overbook de usuários que as adentram.
Já no contrafluxo, na expectativa do embarque, a loucura não é diferente. Pessoas sentadas no chão roncam de um lado, sanitário entupido do outro, filas enormes das aeronaves que buscam as cabeceiras das pistas na expectativa de alçar voo enquanto eu, neste coquetel de horror, não esqueço Marta nem um minuto e penso com meus botões: Relaxe, não se afobe eis a questão. Goze desse momento sem estresse pois a irritação entorna o caldo e não é solução. A Copa do Mundo está aí. Melhor, mesmo, será assistir aos jogos pela televisão, pois, frequentar Guarulhos não desperta a mínima satisfação.
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