PEDINDO VÊNIA AO PRESIDENTE
Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL
Momentos importantes na vida de uma pessoa são, sempre, acompanhados de determinadas regras, a serem seguidos. No último dia dezessete de outubro,vivi um destes instantes, quando de minha posse na cadeira de número três da Academia Alagoana de Letras. Naquele instante, consciente de que, na vida, o ser humano é lembrado pelas regras que quebra, postulei aquiescência ao Senhor Presidente Carlos Mero, não propriamente para fissurar as leis daquela solenidade, mas, simplesmente, expandi-las um pouco, proferindo as seguintes palavras, no preâmbulo do discurso inaugural, como integrante efetivo, da Casa Maior da Cultura de Alagoas:
“Muito cedo, ainda, acostumei-me a escutar de meus pais, que a felicidade era a chave para uma vida plena. A partir de então, por muito tempo, todas as vezes que me perguntavam o que eu queria ser, quando crescesse, respondia: FELIZ.
Senhor Presidente, sei que os protocolos existem, contudo, peço vênia para quebrá-los, para, neste momento que representa um marco em minha vida, reverenciar, preliminarmente, meu pai, Rostand, que há pouco mais de um ano partiu para a grande viagem, mas, nesta noite de gloria, tenho certeza que se encontra a meu lado, como sempre esteve, ao longo de toda minha existência.
Não poderia, também, deixar de mencionar aquela que, desde meu nascimento, sempre me ensinou, não somente a ser feliz, mas, principalmente, a “aprender a aprender”. Minha mãe, Marlene, que, com seus conselhos e exemplos, desde sempre, de forma respeitosa e carinhosa, norteou minha caminhada, quer fosse como estudante, desportista, engenheiro, professor, pai, marido e, até mesmo, escritor. Ela possui os dons mais notáveis que um ser humano pode possuir.
Quantas vezes permanecemos, somente os dois, conversando, por horas a fio, sobre a vida: nossa vida. Minha mãe não somente me educou e ensinou a sorrir, mas me fez enxergar a importância de ser “família de minha família”.
Foi observando-a, que consegui chegar aqui, nesta noite. Altruísta, otimista, de uma inteligência sofisticada, sempre me preparou para os bons momentos de vitória e comigo esteve nos pouquíssimos instantes de calvário que vivenciei, incentivando-me a aceitá-los com a cabeça erguida e olhando adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de acomodado.
Com minha mãe, aprendi que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Que devemos plantar nosso próprio jardim, para decorar nossa alma, ao invés de esperar que alguém nos traga flores. Assim, seguindo seus conselhos, caminhei adiante, suportando as ocorrências da vida, armazenando forças para ir cada vez mais longe, sempre consciente de que a vida tem valor, desde que você se valorize diante dela
Minha amada Marlene, como um dia disse Drumond, “você é mãe sem limite, é tempo sem hora, é luz que não se apaga, quando sopra o vento e a chuva desaba. Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, sempre será pequenino, feito grão de amora”.
Esta festa é sua, toda sua. Neste momento, somente a represento. Muito obrigado. Sempre a amarei.”
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