quinta-feira, 11 de julho de 2013
UM TEXTO DE AUGUSTO NUNES
“Atarantados com a revolta da rua, a presidente Dilma Rousseff e seus conselheiros trapalhões imaginam que a manobra malandra vai esvaziar o pote até aqui de cólera que enfim transbordou para as ruas de centenas de cidades. Versalhes reencarnou no Planalto. Os espertalhões não demorarão a descobrir o tamanho da encrenca em que se meteram. As multidões sem medos nem donos já não suportam a impunidade dos corruptos, o apodrecimento dos sistemas de saúde e educação, a gastança debochada dos exploradores da Copa do Mundo, o cinismo dos políticos profissionais, a institucionalização da trapaça, da tapeação, da promessa que não descerá do palanque. Em sua essência, as palavras de ordem reiteradas nos atos de protesto, encampadas pela imensa maioria do país que pensa, exigem a imediata interrupção da Ópera dos Canalhas. Os mágicos em ação no picadeiro do Planalto acham que, com um plebiscito malandro, vão mandar os manifestantes de volta para casa, livrar a chefe de vaias desmoralizantes, inverter a curva perturbadora desenhada pelas pesquisas, reeleger Dilma Rousseff no primeiro turno e correr para o abraço. Vão todos quebrar a cara. A esperteza da hora será tragada pelo mesmo sumidouro onde jazem, agonizam ou sobrevivem com injeções bilionárias de dinheiro público tantos projetos delirantes, invencionices diversionistas, façanhas imaginárias, milagres de araque, maluquices perdulárias e ideias natimortas.”
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