ÁGUA DE
COCO
Eram quatro horas da tarde, vestiu um
biquíni composto à família mineira, desceu à praia, caminhou por meia hora,
como se estivesse tomando posse do local, encantada com a beleza, disse para si
mesma, aqui é meu lugar. Retornou andando à beira mar, os pés massageando na
areia molhada. Deu um mergulho, a água morna envolveu seu corpo, ela sentiu uma
estranha sensação afrodisíaca.
Entardecia, no calçadão tomou água de
coco, sentou-se em um banco. O Sol se pondo no fim do mundo, Luciana envolta num
sentimento de paz contemplou o céu alaranjado.
No Hotel conheceu um grupo de turista,
convidaram para uma volta noturna na cidade. Noitada agradável na casa de dança
Burguenvíllia, conheceu um moreno cinquentão, contumaz frequentador daquela
casa onde se divertem os solteiros descoladas. Oscar Ferretti, figura polêmica,
diz-se petista, maior orgulho ter sido preso dois dias durante a ditadura, vive
de boa aposentadoria e conversas fantasiosas, encanta, diverte qualquer roda,
entretanto, tem uma vida cheia de atropelos, quatro casamentos desfeitos, Oscar
se intitula caçador de turista nas noitadas maceioenses. Luciana caiu em suas
garras, acordou-se em seus braços no apartamento no edifício Cote D’azur.
Os dois passaram três semanas e
meia de amor, Luciana deixou para conhecer o Nordeste em outra ocasião, Oscar
deslumbrou-se com as mãos mágicas da parceira, excelente massoterapeuta.
Nas horas vagas do amor, faziam
turismo nas praias, Luciana, católica praticante, ficou fascinada com as
igrejas, o Museu de Arte Sacra, a cidade barroca e histórica de Marechal
Deodoro. As férias acabaram, nossa amiga voltou à Belô, muitas lembranças,
contou às amigas suas aventuras em terras caetés.
Algum tempo depois, semana santa,
retornou. Luciana com muito gás, charme da mulher mineira, só pensava em curtir
as praias, os belos coqueiros, tomar água de coco olhando o azul do mar.
Telefonou para Oscar, o pilantra deu uma desculpa esfarrapada, na verdade estava
em assistência à uma rica turista norueguesa. Luciana não se comoveu, percebeu,
sua paixão não era o homem, sua paixão era aquela cidade tropical, suave brisa
permanente. Passou a semana sem carinho na cama, contudo, satisfeita da vida,
estava em sua terra adotada.
Todas as férias, feriadões,
Luciana não perde Maceió. Conhece toda biboca, tem amigos na terra, frequentadora
do Orákulo, do Caldinho do Vieira, sem esquecer o Bunguenvilia. Outros
namorados aconteceram.
Em dezembro tirou metade de sua licença
prêmio, alugou um apartamento mobiliado, viveu três meses em Maceió. Brindou o réveillon
da Ponta Verde, muitos fogos, dançou ao ar livre, divertiu-se contemplando o
primeiro dia do ano amanhecer.
Acordou-se depois do meio-dia, foi à varanda
do apartamento, bocejou, se estirou, preguiça no corpo, deu-lhe vontade de
tomar água de coco.
Desceu à praia pediu um coco ao
rapaz, ele cortou com rapidez fantástica, Luciana ficou impressionada com a
perícia do jovem e o corpo moreno musculoso brilhando com o suor e os pingos da
água.
Ela sentou-se no banco frente ao
mar, puxou conversa. A alegria, a juventude, o físico do jovem Sebastião, o vendedor
de coco, encantou a mineira. Luciana retornou ao entardecer, conversaram, Tião
contou parte de sua vida divertida, ela pediu para levar 10 cocos em seu
apartamento quando ele acabasse o trabalho. Eram nove da noite Luciana recebeu Sebastião, o jovem colocou 10
cocos descascados na cozinha, ela convidou para sentar, ele sentou, ela convidou
para fazer uma massagem, transaram.
Luciana, feliz da vida, viciou-se em coco
verde. O jovem Tião abastece sua amiga. Maceió e água de coco são os verdadeiros
amores da bela mineira.
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