28 de maio de 1988: Morre Volpi. Brasil perde suas cores
Alfredo Volpi, 92 anos, morreu de insuficiência cardíaca numa noite de sábado, a caminho do hospital, depois de ter sido acudido por sua filha. Embora Volpi apresentasse problemas com a saúde nos dois últimos anos de vida, sua morte surpreendeu amigos e admiradores, que mais do que o fim do talento de um artista, lamentaram a perda de um ser humano insubstituível, que fez de sua obra a invenção do simples, em busca do essencial.
Pintor brasileiro, Alfredo Volpi nasceu na italiana Lucca, e chegou em São Paulo com 2 anos de idade. Nos primeiros anos da adolescência abandonou a escola para trabalhar como assistente de topógrafo e passou a estudar pintura por conta própria. Coemçou fazendo murais decorativos e, em 1934, participou do 1º Salão Paulista de Belas-Artes. Na década seguinte, expôs no Salão Nacional de Belas Artes e, em 1956, na 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta. Sua arte percorreu mundo afora em exposições em vários países na América e na Europa com destaque para a Bienal de Viena (1952), onde foi premiado. As obras iniciais foram impressionista, passando depois a expressionistas e concretas. Considerado, pela crítica, como um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo, deixa um legado de quase 4 mil telas, onde são recorrentes as bandeirinhas, sua marca registrada.
É a fase das bandeirinhas, sua maior contribuição para a arte brasileira moderna - expressa em seu trabalho Bandeiras e Mastros. Só pintava com a luz do sol e se envolvia totalmente com a criação de sua obra, o que incluía esticar o linho para as telas. Num processo típico de um pintor do Renascimento, fazia suas próprias tintas, diluídas em uma emulsão de verniz e clara de ovo, em que ele adicionava pigmentos naturais purificados (terra, ferro, óxidos, argila colorida por óxido de ferro) e ressecados ao sol. Depois de dominar a técnica, o artista nunca mais usou tintas industriais - "elas criam mofo e perdem vida com o passar do tempo", dizia.
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