domingo, 26 de maio de 2013

JB NA HISTÓRIA

24 de maio de 1964: A tragédia no Estádio Nacional do Peru

Jornal do Brasil, Terça-feira, 26 de maio de 1964. A Tragédia no Estádio Nacional

Era uma manhã de domingo. Mais de 45 mil pessoas torciam pela Seleção do Peru, que enfrentava a Argentina em um jogo válido pelo Torneio Pré-Olímpico de 1964, no Estádio Nacional, em Lima, quando ocorreu a maior tragédia em estádios de futebol da história, resultando na morte de 400 pessoas.

Revoltados com a anulação de um gol do Peru no fim do segundo tempo, que faria com que a partida empatasse em 1x1, os torcedores transformaram o estádio em um caldeirão em ebulição. Do meio da irada torcida, um homem invadiu o campo para bater no juiz uruguaio, sendo imediatamente coibido por um policial que lhe deu um chute.

Após o pontapé, grupos de torcedores começaram a quebrar o alambrado do campo, invadindo-o e tentando agredir os jogadores argentinos e o juiz, enquanto os policiais lançavam centenas de bombas de gás lacrimogênio contra a multidão enfurecida.

O pânico se estabeleceu e, enquanto parte da multidão tentava escapar do gás lacrimogêneo fugindo das arquibancadas, a outra tentava subir nelas para fugir das balas e pancadas da polícia. Quando o caos aumentou, a polícia soltou cães amestrados que se atiraram sobre o povo, aumentando a onda de terror. A parcela das pessoas que tentou sair do estádio foi esmagada contra as grades de ferro dos portões trancados ou foi pisoteada na correria em direção à saída.

Antes que os portões arrebentassem com a pressão dos corpos, dezenas de saqueadores roubavam carros no estacionamento. Quando saiu, a multidão foi engrossada por pessoas do lado de fora que ajudaram a incendiar ônibus e automóveis, quebrar vidraças e depredar casas comerciais e fábricas pelas ruas da capital peruana.

Alguns dos mais de 500 feridos com a tragédia lotaram hospitais. Parentes e amigos de torcedores que tinham ido assistir à partida rodaram necrotérios em busca de informações de parentes desaparecidos. O mundo, até hoje, não viu maior tragédia esportiva do que a ocorrida neste triste 24 de maio.

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