Mírian Macedo
Quarenta anos atrás, revolucionário de esquerda chamava ‘isto’ aí de decadência burguesa. Na década de 70, desbunde como a Marcha das Vadias seria visto pelo pessoal engajado como coisa de burguesinha alienada, privilegiada, desocupada e condenada à extinção (física, em muitos casos) quando florescesse e se realizasse o reino da verdadeira liberdade: o socialismo.
Quem não se lembra do escárnio com que os comunistas se referiam aos desbundados, aqueles pequenos ratos burgueses que abandonavam a luta pelo socialismo e se rendiam à alienação das drogas, do sexo livre e do rock’n roll?
Hoje, é revolucionário pedir a legalização das drogas e praticar o sexo livre (promíscuo, é a palavra). Ou seja, para a mentalidade revolucionária as idéias não têm nenhuma importância.
Defender hoje o que combatiam ontem é mera conveniência do projeto de poder totalitário que os “guerreiros pelo socialismo” querem implantar no mundo (saibam ou não disto os ‘companheiros de viagem’ e inocentes (in)úteis da história).
Vamos falar claro: não são as idéias que não prestam, quem não vale nada é o próprio revolucionário. Não se pode aceitar discutir ‘ideias’ com qualquer um deles, seria conceder-lhes o status de interlocutores. Não o são, revolucionário é um sujeito que não defende idéias, o seu projeto é destruir o mundo. Ele não aceita a realidade, qualquer uma.
Antes, as feministas acusavam o ‘sistema’ de oprimir a mulher, que era obrigada a tornar-se vadia por rejeição da família e para servir de objeto sexual dos machistas chauvinistas. Agora, o must é ser vadia, prostituta virou “profissional do sexo”, tem registro do Ministério do Trabalho e grife Daspu.
O que um revolucionário fala é desmentido pela realidade que está à sua frente, é negado pelo que ele está fazendo naquele momento. Não porque o revolucionário não perceba a incoerência, o desvio. Não! A intenção é exatamente esta, praticar a inversão para transformar o mundo em ‘algo jamais visto’, nas palavras do satânico chefe da seita, Karl Marx.
Quer ver? Basta olhar a Marcha das Vadias: a passeata está coalhada de crianças. Mas, convenhamos, só por delírio uma pessoa que diz defender o direito da criança à inocência e que é contra a sua exploração como objeto sexual decide levar o próprio filho (filha, em sua maioria) à Marcha das Vadias, em que mulheres com roupa, atitude e discurso de vagabundas se orgulham de serem vadias, putas e sapatonas. Mulheres de vida fácil, isto sim.
Agora, experimenta dizer a estas vagabundas (elas não se ofendem de serem assim chamadas, por supuesto) que criança pode, sim, levar palmadas dos pais, para sua educação e disciplina. Avançarão sobre quem o disser com unhas e dentes, berrando Violência! Mas consideram prova de amor pedagógico levar esta mesma criança ao circo de horrores, depravação, vulgaridade e indução à promiscuidade, exatamente o que é a Marcha das Vadias.
Hoje, a inversão é norma. Todo mundo sabe que mulher ‘vadia’ não é coisa que preste. E ficamos todas nós a gritar que somos vadias? Ninguém mais acredita nos seus próprios olhos.
É assim que funciona a mente revolucionária, Hoje e ontem, aqui e em Cuba. Quando tomou o poder, Fidel Castro pôs na cadeia e mandou para el paredón centenas de homossexuais, porque o seu comportamento era ‘anti-revolucionário’. Cinquenta anos depois, o mesmo comportamento é aceito, até louvado.
Fidel pediu desculpas: “eu errei”. Lorota, ele não acha que errou, acha que estava certo lá atrás e acha que está certo agora. Se for do interesse do projeto revolucionário voltar a perseguir, encarcerar e matar homossexuais, isto será feito. Se, daqui a algum tempo, as ‘vadias’ não mais interessarem elas serão ‘oprimidas’ e ‘reprimidas’.
Esta mulherada (a maioria é canhão, doida que alguém lhe jogue pelo menos um gracejo na rua) faria melhor se ficasse em casa estudando, lendo, se instruindo. Ainda nos pouparia deste espetáculo grotesco e bizarro de banhas explodindo, peitos caídos, celulite e pneus.
Uma amiga de muitos anos, mulher sensível, culta, criativa, nascida em berço aristocrático de tradicional família mineira e hoje uma distinta senhora e avó de muitos netos, cobra de mim ter mudado, de não ser a mesma pessoa que ela conheceu na juventude. Ela lamenta que eu não apóie a Marcha das Vadias.
Eu lhe perguntei se ela se orgulharia de ver suas filhas e netas ao lado de gente que porta cartazes onde se lê “A porra da buceta é minha“. Ela não respondeu. Eu respondo: as minhas filhas eu quero em outras companhias.
Ter feito e defendido coisa semelhante no passado só aumenta a minha obrigação de lutar contra isto agora. Mudar é próprio de quem pensa, de quem busca a verdade. Hoje, eu prefiro ficar com as palavras de São Paulo: “Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra”.
Marcha das Vadias? Eu e minhas filhas não vamos. Porque não somos.
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