quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND


KISS, “O BEIJO DA MORTE”.
ALBERTO ROSTAND LANVERLY
MEMBRO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE ALAGOAS E DA ACADEMIA MACEIOENSE DE LETRAS
                A história nos mostra que, através dos tempos, o homem, com seu espírito indomável, aprendeu a conviver com os desastres, provenientes não somente de sua influência belicosa, mas, também, da força dos ventos, da chuva e até do sol, pois, a terra onde habitamos é, acima de tudo, um planeta vivo, incitando os seres racionais a conviverem com “o perigo”.
            Ao longo dos tempos, sucederam-se centenas de eventos, abaladores da “opinião pública”,  deixando claro que os fatos ocorrem em uma sequência lógica, e, de alguma forma, servem para chamar a atenção de todos quanto ao sofrimento dos que “estavam no lugar errado, na hora errada”.
            Neste ângulo de visão, se enquadram os tsunamis do Japão, terremotos da Califórnia e Haiti, barreiras que, anualmente, desabam em Maceió, rios que transbordam levando para bem longe “bandas inteiras de cidades”, em Alagoas e outros quadrantes do Brasil. O que dizer, então, do Bateaux Mouche que hoje “repousa” nas águas profundas da enseada de Copacabana ou do Hiper Bompreço Buarque de Macedo, em nossa capital, que, em poucas horas, virou cinzas?
O que importa, contudo, é que os anos passam e, assim como na “terra do sol nascente” as águas do mar, hoje, estão calmas, nas demais localidades onde ocorreram “os desastres” o sol voltou a brilhar suave enfeitando, tanto o “céu azul” quanto as flores que embelezam a terra. Resta, porém, a certeza de que o homem, por ser “o lobo de si próprio”, permanece, de forma “perniciosa”, provocando a natureza, para que, em futuro próximo ela volte a se pronunciar.
            Novamente, o caos se implantou, desta vez na cidade de Santa Maria, lá nos pampas gaúchos. Centenas de jovens trucidados, como um dos sobreviventes com propriedade falou em entrevista: “enjaulados como animais”, sem nenhuma chance de defesa ou de fuga.
            Os noticiários procuram entender os fatos e os personagens, sobreviventes da “macabra peça teatral” que chamou a atenção do mundo. Pesquisam suas vidas, famílias, casas, hábitos e interesses. Tentam fazer o mesmo com as vitimas fatais – as meninas eram lindas e os rapazes possuidores da mesma linhagem elogiosa.
            As autoridades e os “experts” buscam respostas e, até, culpados, mandando prender “os músicos da banda”, querendo penalizar os “porteiros responsáveis pela segurança” do local, esquecendo que, a casa de show Kiss, “o beijo da morte” funcionava, já há muito tempo, regularizada pelos órgãos competentes, mesmo sem possuir saídas de emergência, extintores em estado de uso ou pessoas “treinadas” para amenizar situações de pânico e, acima de tudo, “repleta de material acústico extremamente inflamável”. Nunca é pouco lembrar: o “sinalizador” acionado pelo cantor da banda, e que gerou todo o sinistro, fazia parte da programação prometida e contratada.
            Em poucos dias, viveremos “o carnaval”. Que o reinado de Momo não faça com que as ocorrências do momento atual, sejam esquecidas. Fundamental é que, mesmo na dor, mesmo na perda, haja sempre uma nova partida. Que a lição prevaleça...

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