Incidente
em Aldebaran
O Hugo é um cidadão de bem, íntegro nos negócios, benquisto por
todos, só tem o grave defeito, gosta de uma morena para se divertir. Ele se gaba, nunca traiu Dona Rebeca, nunca
arranjou namorada ou amante nos 30 anos de casados. Em sua escala de valores,
não conta traição uma rápida aventura com menina de programa. As aventuras de
Hugo com suas “escurinhas”- assim as chama- não doem em sua consciência, nem contabilizam como pecado.
Dona
Rebeca não imaginou o perigo, quando contratou uma empregada vinda do sertão. Cicinha,
analfabeta, calma como uma gata parda, mas, perto de um homem vira loba, cisca
para frente, para trás, tem sexo na pele, nas entranhas. No povoado todos os
homens e algumas mulheres sentiam desejo pela morena.
Primeiro
dia de trabalho, pela manhã, depois de um banho bem tomado, cheirando a
eucalipto dos pés à cabeça, Cicinha apareceu na sala, o vestido de tecido fino
mostrava seu corpo e a rijeza dos seios empinados.
Hugo
ficou ouriçado quando viu aquela menina entrar sorrindo, parecia uma miragem.
Notou as pontas dos seios furando o vestido, lembrou a ciranda que muito dançou
no Recife: “Menina do peito duro... Nunca
vi tanta dureza... Quem me dera ser criança... Pra mamar nessa beleza...”
Dona
Rebeca entrou na sala, tirou o marido do devaneio. Naquela manhã Hugo trabalhou
em casa no computador, avisou ao escritório. Dona Rebeca fez recomendações,
saiu para aula de dança. Retornava para o almoço.
Hugo
foi à cozinha, estava deslumbrado com a flor morena. Ordenou servir café de
meia em meia hora no gabinete. Cicinha enquanto cozinhava preparou café forte
levou para o patrão. Ele sentiu um tremor quando a morena encostou-se em seu
braço para alcançar a xícara usada. Hugo endoidava cada vez que a traquina
servia o cafezinho se roçando de alguma maneira em seu braço ou ombro. A menina
sabia das coisas, notou que o patrão estava gostando da brincadeira, prosseguiu
o jogo excitante.
Dona
Rebeca chegou cansada mandou servir o almoço para o casal. Hugo ficou regalado
com o tempero da galinha ao molho pardo.
Dia
seguinte o fato se repetiu. Hugo ficou em casa trabalhando, Dona Rebeca foi
para o terapeuta. Na terceira vez que Cicinha serviu o cafezinho encostando os
seios no ombro do patrão, ele não agüentou, agarrou a empregada.
Derrubou
a morena no tapete, a gostosa mulata cheia de gozo e dengue apenas sussurrava: “Que é isso Seu Hugo?... Que é isso Seu Hugo?...
Que é isso seu Hugoooooooooo!!!!!!”
Nosso
herói passou a trabalhar pela manhã em casa, à tarde no escritório. Hugo se
viciou na “Escurinha”.
Embora o
casal more em Aldebaran, o mais luxuoso condomínio da cidade, aos domingos eles
vão à missa das 19 horas da Catedral, distante 20 a 30 minutos.
Dois
meses se passaram. Numa noite de domingo Hugo não teve paciência de esperar a
segunda-feira. Ao iniciar a missa na Catedral inventou forte dor-de-cabeça,
avisou para a mulher, voltava para casa, ia descansar.
No primeiro táxi ele retornou para Aldebaran.
Quando entrou em casa Cicinha estava assistindo o Faustão, programa apropriado
para analfabetos. Louco de desejo levou-a para o seu (dela) quarto.
Dona
Rebeca, antes da comunhão, teve drama de consciência, o marido doente. Pediu
perdão a Deus, deixou a missa, pegou o carro, foi acudir ao marido.
Não
encontrou Hugo nos quartos, nem na sala, nem no gabinete. Notou que havia luz
no quarto da empregada. Ao abrir a porta deu-se a trágica surpresa: o distinto
marido estava nu por cima de sua eficiente cozinheira.
Ao
perceber a situação, Hugo levantou-se, começou a bater com a cabeça na parede
gritando: “Tô doido... Ai! minha cabeça...
Tô doido...”. Correu nu pela cozinha, pela sala, dando cabeçada na
parede e gritando.
Dona Rebeca chamou um médico, um vizinho,
conseguiu acalmá-lo. Vestiu Hugo, levou-o para o Pronto Socorro, foram sozinhos,
por exigência do “maluco”. No caminho Hugo pode contar a situação para o amigo.
O vizinho, cúmplice, deixou-o internado no Hospital Psiquiátrico, ficou por
mais de 15 dias. A família foi proibida de comentar o caso. Quando alguém faz alguma leve insinuação
sobre a ocorrência, Hugo inicia um ataque de nervos. A família refere-se ao
acontecido como o “Incidente em Aldebaran.” Um eufemismo do inesquecível flagrante
em Aldebaran.
# Zerado, Irmãozinho ?!?!?!
ResponderExcluirEsse fascinante "Incidente em Aldebaran" tem precussores, talqualmente posteriores ...
Vou lhe passar os dados d'um certo "Incidente
em Cabedelo", ocorrido lá pelos ídos de 64/65;
cousa de gênero.