O PAÍS TEM PRESSA
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL
Apagou-se a estrela de João
Paulo, esperança de gol das hostes esquerdistas. Com ele, dividirão cela
Valério, Pizzolato e algumas pilombetinhas. Como ficou provado, nada havia
contra sua pessoa. Sim, que raio de país é esse no qual o sujeito não pode pedir
a sua doce e ingênua companheira, aproveitando ida ao banco para pagar carnê da
Sky, para pegar um troquinho de cinqüenta mil reais?
O julgamento do mensalão – ou, se
quiserem, o esquema de apropriação ilegal do dinheiro público para cobrir “gastos
de campanha” e outros que tais – mostrou uma verdade irrefutável: não basta a
presidência nomear ministros. Há que se nomear, não juízes de carreira, mas lacaios,
de preferência militantes da nobre causa.
A propósito, consta que, num comovente
desabafo étnico, nosso ético ex-presidente Lula Silva teria confessado sua
decepção com o “negro complexado e ingrato”, que vem a ser o raquiálgico ministro-relator
Joaquim Barbosa. No mesmo comentário, Barbosa estaria querendo aparecer, farejando
mais uma capa de Veja, a infame e
golpista publicação pequeno-burguesa “a serviço do capital estrangeiro e da
CIA”.
Nem tudo está perdido, quando
resta uma esperança. O jogo pode virar. Até o final do julgamento, nossa douta presidente terá chance de
preencher duas vagas no STF. Embora não seja do ramo, disponho-me a tirar
alguns nomes da cartola. Aqui mesmo, em Alagoas, há candidatos com perfis morais
de tal magnitude que jamais deixariam amargurado o coração do nosso íntegro
ex-presidente.
Pessoalmente, custa-me crer no
mensalão. Nesse aspecto estou em ótima companhia. “God” em pessoa, Kakay e
outras feras do Direito, incondicionais defensores dessa canalha, também botam
fé de que tudo não passa de invenção da mídia. De igual modo, recuso-me a
acreditar que o PT, a exemplo do finado PFL, estaria em vias de mudar de nome.
É que a simples menção da sigla tem causado repugnância. Hoje, seu maior trunfo
é a coligação com o Maluf.
A grande verdade é que está havendo uma perda de
tempo. Como diz o candidato, o Brasil tem pressa. Foi justamente pensando nessa velocidade que o
governo destinou aos despreparados, apenas, a metade das vagas nas
universidades federais.
Data vênia, a douta presidente foi de uma
humildade tibetana. Até porque, como o insuspeito
Belluzo defendeu em brilhante artigo, uma vez que todo mundo vai ficar
desempregado, é absolutamente indiferente para um desocupado saber ler ou
escrever.
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