4 de agosto de 1930: A alma cantante está de luto. Morre Sinhô

"A alma cantante da cidade está de luto. Morreu Sinhô! Chamavam-no de príncipe do samba. Era um príncipe pobre. Mas a sua glória era alta. Ela cantava por toda a parte porque era feita pela popularidade de uma música sabida do povo para o povo. Era a música da verdade que ia diretamente ao coração de gente. E bem brasileira!" Jornal do Brasil
O compositor e interpréte Sinhô, 41 anos, teve a morte trágica dos grandes artistas. Vítima de uma violenta hemoptise, decorrente de problemas respiratórios, morreu numa barca da Canatareira, rindo para a cidade. Saira da Ilha do Governador, onde morava, na tarde quente de uma segunda-feira, para aquela que seria sua última viagem.
Outras efemérides de 4 de agosto
1964: A intervenção americana da Guerra do Vietnã
1969: Eclode onda de conflitos na Irlanda do Norte
1977: Rachel de Queiroz é eleita para a Academia Brasileira de Letras
1987: Adeus a Dick Farney, sua voz e seu piano
1994: Morre o acadêmico Cyro dos Anjos
Nascido José Barbosa da Silva no Rio de Janeiro de 18 de setembro de 1888, Sinhô estreiou como compositor em 1918, com Quem são eles (A Bahia é Terra Boa), e obteve enorme êxito, logo se tornando conhecido, inclusive fora do circuito carioca. E em 1920, estourou a banca das músicas de carnaval, fazendo o Brasil todo cantar o samba Fala, Meu Louro, mexendo com Rui Barbosa, e a marchinha O Pé de Anjo. Espécie de Teu Cabelo Não Nega, da época, esta marchinha inspirou o espetáculo de mesmo nome no teatro de revista de Carlos Bittencourt e Cardoso de Menezes, tornando-se um dos maiores acontecimentos do gênero em todos os tempos.
E na verdade até o final, quando de sua morte, foi o compositor preferido do povo. Seus sambas, suas marchinhas e canções, mesmo com a precária divulgação musical da época, se espalhavam Brasil afora. Embora muito mais música do que verso, Sinhô tinha preferência pela composição, que de forma simples levava a sua marca, com o faro do gosto popular.
3 de agosto de 1954: Morre a escritora Sidonie Gabrielle Colette, a ingênua libertina

Maior nome da literatura feminina francesa na primeira metade do século 20, a romancista Sidonie-Gabrielle Claudine, 81 anos, conhecida pelo pseudônimo de Colette, que escandalizou ao escrever das dores e dos prazeres do amor, com a evocação sensorial de sons, sabores, cheiros, texturas e cores, morreu de causas naturais, durante a noite de Paris. Seu funeral, primeiro a receber honras de Chefe de Estado, foi a marca do amor inspirado por uma das maiores escritoras da França.
Outras efemérides de 3 de agosto
1977: 75 anos de Carlos Cachaça, o poeta do samba mais nobre
1981: A renúncia do Presidente da Bolívia Luiz Garcia Meza
1988: Fim da censura e da tortura no Brasil
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"La terre appartient à celui qui s'arrête un instant, contemple et s´en va".
São poucas e reservadas as declarações de Colette. Tudo que disse, ela sempre o fez melhor através de seus personagens. Nos livros, reproduzia a vida da menina Gabrielle Sidonie Colette, que a julgar pela circunstância de seu nascimento, não prometia maiores aventuras.
"Meu nome é Claudine, moro em Montigny, onde abri meus olhos à luz; provavelmente não morrerei aqui. Montigny é uma aldeia e não uma cidade..."
Filha de um capitão, nascida em 28 de janeiro de 1873, em Saint-Sauveur-en-Puisayc, na França, cresceu em meio a vida comum do homem do campo, até que fugindo dessa mediocridade, resolveu jogar-se com coragem improvável de uma jovem provinciana aos prazeres de Paris do alvorecer do século XX. Mal completara 20 anos e já estava casada com Henri Gauthier-Villars, aquele que seria o responsável por provocar sua necessidade de escrever. Por sugestão do marido, Colette escreveu o primeiro livro da série Claudine (Claudine à lÉcole), que culminou no aparecimento da escritora e no fim da esposa.
Em 1904, já divorciada, publicou Dialogues de Bétes, onde antecipa literariamente, a nudez que, dois anos mais tarde, como atriz de teatro, exibiria nos palcos. Revolucionária para seu tempo, revelava no espetáculo o que para a atmosfera de falsa moralidade da época era uma liberdade inadmissível. Mas como de Colette era possível esperar-se quase tudo, venceu com uma teatralidade que lhe caia muito bem, os mais violentos preconceitos. Experiência que também contaria nos livros. Durante a I Guerra Mundial, passou a trabalhar como jornalista e, depois do conflito, retomou a dedicação plena à literatura, quando tornou-se célebre como escritora, abordando as inquietações da juventude do pós-guerra.
A síntese perfeita de sua obra e vida é talvez o seu mais conhecido trabalho: L'Ingénue libertine (1909).
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