quarta-feira, 20 de junho de 2012

JB NA HISTÓRIA


20 de junho de 1988: Morre Aracy de Almeida, a grande intérprete de Noel

Morre Aracy de Almeida. Jornal do Brasil: terça-feira, 21 de junho de 1988.

Depois de treze dias internada no Hospital dos Servidores do estado depois de sofrer uma embolia pulmonar, Aracy de Almeida, 74 anos, morreu vítima de um súbito aumento de pressão arterial.

Outras efemérides de 20 de junho
1963: A estratégia do telefone vermelho
1994: Brasil estréia como favorito na Copa dos EUA

Ela foi cria de Noel, que quando a viu cantando em 1933 na Radio Educadora, gostou tanto de sua voz áspera que a convidou para uns chopps na carioca Taberna da Glória. Surgia, então, a sua maior intérprete, cultuadora e divulgadora. "É preciso deixar claro", frisou ela a vida inteira, "que se não fosse Noel, eu não estaria aqui cantando. Só ele acreditou em mim...". Para Aracy, como ela, modesta, dizia, sua descoberta foi enternecimento do poeta, por vê-la tão mal vestida e pobre, cantando com aquela garra toda num programa chinfrim, de quinta categoria.

Nascida e criada no bairro do Encantado, suburbio carioca, Araci Teles de Almeida, filha de um pastor protestante que era chefe de trens na Central do Brasil, começou cantando, ainda menina, na Igreja Batista do Méier, até ser levada por um amigo para apresentar-se na rádio, onde o destino lhe colocaria frente-a-frente com Noel Rosa. Entre o Encantado e o Méier, passou a maior parte de sua vida, circulando num meio em que a boêmia, a arte e o trabalho formavam um todo. Com uma voz debochada e anasalada, passou por várias emissoras de rádio, até se firmar de vez na Rádio Nacional, que reunia a seleta nata da música da Época de Ouro das rádios. Seu jeito de cantar deu fama a composições como Palpite infeliz (1935), O xis do problema (1936), Eu sei sofrer (1937) e Último desejo (1938). Com a precoce morte de Noel Rosa, passou a dedicar-se mais as marchinhas de carnaval.

Dona de uma autenticidade impar, Aracy foi um personagem público, quase folclórico, com seu bom humor paradoxalmente expresso em carrancas e em palavrões muito bem explorados. Em 50 anos de carreira, gravou cerca de 400 músicas, fez cinema e shows. Trabalhou ainda na televisão.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário