quinta-feira, 29 de março de 2012

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND


GUERRAS DE AUDIÊNCIA
Alberto Rostand Lanverly
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e da Academia Maceioense de Letras.

Dias atrás, assistia programa de televisão, apresentado, diariamente, no horário de transição entre a tarde e a noite. Uma sequencia de imagens me causou espécie:
            Cena 1: O rapaz chega em casa da amiga, que se encontra sozinha. Imediatamente a abraça, levantando sua saia e se ajoelhando;
            Cena 2:  Somente aparece a face da “guapa” menina, que, aparentando possuir menos de 15 aninhos, permanece sempre de pé, encostada em uma poltrona, fazendo “caras e bocas”, emitindo suspiros exuberantes, dando margens para que, a imaginação do telespectador, seja sacudida pelos “mais picantes” pensamentos de “Eros”;
            Cena 3: Já no dia seguinte, a “garotinha” encontra-se com a irmã do “visitante” e, sem “rubor” algum, conta que o “mano” da mesma havia usado a “língua” para escrever “todo o alfabeto” em seu corpo, e que ela tinha gostado muito.
            Mudei de canal e deparei-me com uma programação totalmente distinta. Ali, todas as notícias descreviam desgraças. Assaltos, estupros, tiroteios, etc... Tenho certeza que, nem “Lampião”, nos áureos tempos das caatingas, se metera no meio de tantas balas perdidas.
            Logo após o jantar, novamente fixei os olhos na telinha. O noticiário nacional, grande clássico das informações, divergia pouco das preliminares, com a diferença de que expunha, à sociedade, além do “disse-me-disse” do cotidiano, também, em “furo de reportagem”, os roubos oficiais, tendo, como protagonistas, as autoridades da hora. Neste “campeão de audiência”, se apresentava a performance de verdadeiros profissionais, que, como ninguém, sabem misturar “sexo com dinheiro público” tendo, como resultante, a corrupção desenfreada que, a cada ano, somente se aperfeiçoa nos diferentes segmentos da administração brasileira, com o que se estimula o surgimento de  uma geração de “peraltas”, de tudo fazendo, para permanecerem alimentando seus “ bolsos e seus libidos”.
            Mesmos sem afirmar, os “órgãos de telecomunicação, no Brasil”, usam das mais diversas ferramentas para ganhar telespectadores e pontos no “Ibope”. Estabelece-se, assim, uma verdadeira “guerra” que paira no ar. Se considerarmos ser, a televisão, “uma janela aberta para o mundo” e que este mundo, nos é apresentado segundo as “cabeças” de seus dirigentes, que, se por um lado, investem em temas que contribuem com a cultura, esporte e educação,  por outro focam a sensualidade, violência e descalabro, veremos, então, em todas as situações, que a  pontuação da audiência é o marco chave que deverá ser alcançada, pouco importa como...
            As programações, ora apresentadas pelos diferentes canais gratuitos de TV, são facilmente absorvidas pela sociedade, embora esta  demore a perceber o quanto sua preferência está sendo influenciada. Com isto, geram-se, dentre outras distorções, políticos e autoridades despreparados, gosto duvidoso por músicas, além de textos descabidos. Enfim, criam-se hábitos que, inevitavelmente, irão interferir, negativamente, no futuro de uma geração.

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