FÉRIAS TROPICAIS
Sigrid e Hannah, amigas
de infância, vizinhas na fria Oslo, tinham um sonho, sair em férias tropicais e ter
uma aventura, um amor latino. Ao completarem 40 anos, divorciadas, com filhos,
resolveram conhecer o Brasil durante o verão. Leram e pesquisaram sobre o país,
a alegria de viver, as noites tropicais e os homens cativantes. Compraram passagem de Oslo para o Rio de
Janeiro, se divertiram com os desfiles das escolas de samba, com a sensualidade
do povo seminu nas praias de Ipanema e Leblon, entretanto, a aventura amorosa,
maior estímulo da viagem não aconteceu. Compraram um cruzeiro no luxuoso
transatlântico G Mistral para conhecer a Bahia. Ao desembarcarem, o guia
levou-as para o candomblé, negros e mulatos dançando, o encantamento da religiosidade
num roteiro de turismo, entretanto, nada aconteceu em termos de um namoro
fortuito. Ao sair de Salvador o navio faria ainda uma escala, em uma bela e
pequena cidade do Nordeste. Logo após o café da manhã, elas foram ao tombadilho
para assistirem ao atraque do navio, ficaram fascinadas com o deslumbramento da
luminosa manhã, um azul infinito no céu como se fora um sonho. A beleza da enseada
deu-lhes um sentimento de paz, sem saber, estavam apreciando o casario da
Avenida da Paz, orla de Maceió. Com uma
alegria inexplicável as quarentonas norueguesas pediram informações, o que
poderiam desfrutar nas curtas horas na cidade.
Ao desembarcarem se assanharam ouvindo a Banda de Pífano de Marechal
Deodoro tocando o frevo Vassourinhas, caíram num carnaval improvisado com outros
turistas no cais do porto. Andaram 10 minutos arrodeando o porto, apareceu a
praia de Pajuçara. Descortinou o cenário jamais visto pelas louras nórdicas, um
mar azul turquesa com matizes verdes, cor que Deus fez especialmente para uso
particular como bem disse o poeta Noaldo. Desceram à praia de areia alva, andaram
a beira-mar sentindo a água tépida fazer carinho nos pés. De repente foram
abordadas por um jovem moreno, alto, com foto na mão, oferecia passeio de
jangada às pedras, aos arrecifes das piscinas naturais da praia de Pajuçara. Estavam
orientadas, acertaram o preço. Severino, o jangadeiro, gentilmente ajudou-as a
subirem na jangada, as duas estavam extremamente felizes com aquele passeio
inusitado. De biquíni, Sigrid de um lado
massageava a mão na água sentindo a velocidade da jangada. Hannah maravilhada, via diminuir os prédios da
orla, discretamente encantada com o corpo do jangadeiro. Severino moreno, alto,
calção de banho ao joelho, sem camisa, músculos bem talhados do tempo de
estivador carregando sacos de açúcar, 28 anos, dono da jangada, vivia de levar
turistas ao maravilhoso passeio às piscinas naturais.
Ele navegou cerca de 300 metros, jogou a
âncora, maré seca, a água dava abaixo do peito. Severino ajudou às norueguesas descerem
da jangada. Na vez de Hannah houve um movimento na maré, seus corpos se
juntaram. Deu um frio na espinha da norueguesa. Ao mergulhar na piscina natural,
ela sentia ainda o jangadeiro, sentia a virilidade daquele moreno, deu-lhe um
arrepio no corpo. As duas turistas conversavam, Severino nada entendia, elas
aproximaram da jangada, com um espanhol arrastado, conseguiriam se entender.
Queriam ficar mais afastadas dos turistas. Severino em 10 minutos de velejo
ancorou a jangada em um local distanciado mais conhecido como Pedra Virada. As
norueguesas surpreendendo tiraram o biquíni, ficaram nuas, mergulharam.
Severino ficou surpreso e fascinado com a beleza daquelas gringas malucas que o
convidaram para mergulhar. Ele não teve dúvida nadou feito um peixe, ao se
aproximar, Hannah deu-lhe um beijo. O
resto da tarde teve apenas o Sol, o Céu, o Sal de Maceió como testemunha.
Eram 16 horas quando
desembarcaram na praia, o navio partiria às 18 horas. Deram abraços, beijos,
Sigrid tirou da bolsa U$ 200 entregou-os ao jovem jangadeiro. Elas andaram
apressadas, certo momento viraram quase ao mesmo tempo gritando: “Gra-cias,
Se-ve-rino”.
À noite, navio al mare,
as norueguesas faziam planos para próximas férias tropicais em Maceió. Na Barraca Soró
Sereno, Severino, feliz da vida, tomava cerveja, lembrando da aventura
marítima, das quatro horas de amor aquático com as belas norueguesas.
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