PETRALHAS E PRIVATAS
Ronald Mendonça
Médico e Membro da AAL
Cantado em versos e prosas por
socialistóides e outros sabidões pendurados em sinecuras governamentais, a
estabilidade econômica do país não chega ao dia a dia do cidadão comum.
Em idade provecta, vi variadas coisas nessas
seis décadas, máxime na área da Saúde, praticamente desde a infância.
Literalmente, fui criado num hospital psiquiátrico, inusitada experiência familiar,
onde dividi lazer de criança e adolescente com pacientes internados, além dos
deveres funcionais com a instituição.
Por essas vivências, suponho não
carregar na alma resquícios de traumas, tiques ou outros estigmas. A longa
convivência com o desvario, permitiram-me
razoável faro clínico para identificar e repelir o perturbado, habilidade às
vezes útil, sobretudo quando esbarro em paranóicos
agressores e alcoólatras em fúria. Contrariando preceitos bíblicos, a vida mostra
que não se deve dar a outra face.
Nem só de psiquiatria vive o
homem. Petralhas e outros segmentos conseguiram detonar a titubeante estrutura
de Saúde Pública, ainda nos tempos da ditadura. Até São Paulo cairia nesse
conto do vigário. Foi quando os postos-chaves foram entregues aos “cubanistas”,
aquela turminha de sindicalistas que, chapada, alucinava substituir a bota dos milicos pela ferradura
stalinista.
O fato é que a Saúde foi entregue
de mãos beijadas à Privataria. (O ENEM segue o mesmo caminho). Até final da
passada década de 70, Golden Cross e outras siglas soavam distantes. Coincidentemente,
em 1976, operei um associado desse grupo, situação incomum naquela época.
Hoje, o sujeito ganha uns trocados a mais e já
pensa em fazer um plano de saúde, por
sinal cada vez mais extorsivo e menos eficiente. O cara faz um esforço tremendo
para fugir do SUS e acaba nas garras de quadrilhas de desqualificados.
A propósito, em texto da semana
passada referi os vinte reais que o SUS paga aos anestesistas, por procedimento
de risco. Naturalmente que não houve qualquer repercussão, a não ser entre
alguns colegas. Setores da imprensa, que costumam lascar o pau nos erros
médicos, não deram o ar da graça, certamente achando um absurdo médicos
brigarem por remuneração.
Mas, a Cidade Sorriso convive também
com a realidade das inundações. Nessa última chuvada, residentes das imediações
da Rua Floriano Ivo, no Farol, entraram em desespero com inopinada enxurrada que derrubou muros e
inutilizou móveis e eletrodomésticos. O detalhe é a exorbitância de taxas de
IPTU e esgotos.
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