domingo, 29 de janeiro de 2012

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA - VENCEDOR DO 7º PRÊMIO NOTÁVEIS DA CULTURA ALAGOANA - CATEGORIA CRONISTA


PETRALHAS E PRIVATAS

Ronald Mendonça
Médico e Membro da AAL

Cantado em versos e prosas por socialistóides e outros sabidões pendurados em sinecuras governamentais, a estabilidade econômica do país não chega ao dia a dia do cidadão comum.
 Em idade provecta, vi variadas coisas nessas seis décadas, máxime na área da Saúde, praticamente desde a infância. Literalmente, fui criado num hospital psiquiátrico, inusitada experiência familiar, onde dividi lazer de criança e adolescente com pacientes internados, além dos deveres funcionais com a instituição.
Por essas vivências, suponho não carregar na alma resquícios de traumas, tiques ou outros estigmas. A longa convivência com o desvario,   permitiram-me razoável faro clínico para identificar e repelir o perturbado, habilidade às vezes útil, sobretudo quando  esbarro em paranóicos agressores e alcoólatras em fúria. Contrariando preceitos bíblicos, a vida mostra que não se deve dar a outra face.
Nem só de psiquiatria vive o homem. Petralhas e outros segmentos conseguiram detonar a titubeante estrutura de Saúde Pública, ainda nos tempos da ditadura. Até São Paulo cairia nesse conto do vigário. Foi quando os postos-chaves foram entregues aos “cubanistas”, aquela turminha de sindicalistas que, chapada, alucinava  substituir a bota dos milicos pela ferradura stalinista.
O fato é que a Saúde foi entregue de mãos beijadas à Privataria. (O ENEM segue o mesmo caminho). Até final da passada década de 70, Golden Cross e outras siglas soavam distantes. Coincidentemente, em 1976, operei um associado desse grupo, situação incomum naquela época.
 Hoje, o sujeito ganha uns trocados a mais e já pensa em fazer um plano de saúde,  por sinal cada vez mais extorsivo e menos eficiente. O cara faz um esforço tremendo para fugir do SUS e acaba nas garras de quadrilhas de desqualificados.
A propósito, em texto da semana passada referi os vinte reais que o SUS paga aos anestesistas, por procedimento de risco. Naturalmente que não houve qualquer repercussão, a não ser entre alguns colegas. Setores da imprensa, que costumam lascar o pau nos erros médicos, não deram o ar da graça, certamente achando um absurdo médicos brigarem por remuneração.
Mas, a Cidade Sorriso convive também com a realidade das inundações. Nessa última chuvada, residentes das imediações da Rua Floriano Ivo, no Farol, entraram em desespero com  inopinada enxurrada que derrubou muros e inutilizou móveis e eletrodomésticos. O detalhe é a exorbitância de taxas de IPTU e esgotos.  


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