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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

UM TEXTO DE MARCOS DAVI



Meu primeiro artigo publicado na Gazeta de Alagoas foi em 1998. Versava sobre questões relativas à saúde pública, com ênfase em Adib Jatene, então ministro da Saúde. Nestes anos, tenho emitido minhas opiniões e palpites sobre um monte de coisas, algumas vezes, inevitavelmente, contrariando pontos de vista de pessoas que aprecio. Uma temeridade, pois, de acordo com Nietzsche: o homem mais sábio é aquele capaz de passar pelo mundo sem emitir qualquer juízo. 

Alguns poucos companheiros premidos, certamente, pela generosa amizade, insistiam para que reunisse esses textos e os publicasse em forma de livro. Resisti muito, mas alguns fatos me fizeram aceitar a argumentação: o falecimento de Marcial de Lima e os 160 anos da Santa Casa. Para me encorajar ainda mais, além da opinião da família, consultei obras da minha biblioteca.

Uma questão permanecia: esses artigos já publicados em jornal justificariam ser novamente publicados? Além de excelentes exemplos locais, observei Otto Lara Resende quando afirmou: “Se aparecer primeiro na imprensa, compromete ou desqualifica um livro, seria preciso expulsar da literatura um bando de livros. Cito quatro que me ocorrem logo: Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Ateneu, Vidas Secas e O Amanuense Belmiro. Quero crer, porém, que Machado de Assis, Raul Pompéia, Graciliano Ramos e Cyro dos Anjos não podem ser acusados de terem gasto sua criatividade de forma contingente, no jornalismo fugaz”.

Domício Proença afirmou: “A crônica é uma forma de manifestação em prosa que se faz do relato de fatos da realidade próxima ou distante, acompanhada de comentários do autor, e sempre a partir de um olhar atualizado, que privilegia o fragmento. O cronista, num texto curto, parte de um acontecimento qualquer, de uma paisagem, de uma pessoa, de uma sensação, de um pensamento, e os faz objeto de considerações as mais variadas. Assim configurada, convive com a rapidez da vida moderna. Seu espaço privilegiado de mobilização é o emocional. Suas marcas fundamentais à diversificação e à mobilidade. Ela resiste às camisas de força dos modelos preestabelecidos. Ligada a fatos reais, situa-se na fronteira entre o literário e o não literário. Encontra, nos jornais e revistas, seus aliados maiores, seus principais e dominantes instrumentos de divulgação, embora, em segundo plano, não menos relevante, se situem os espaços do livro. Tudo é crônica. A crônica é tudo”. 

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