14 de setembro de 1927 - Morre Isadora Duncan, iniciadora da dança moderna
"Vejo daqui a cena. No automóvel esguio de corrida, Isadora, com o seu chale maravilhoso, um chale de grandes dobras de seda, sinuosas e largas ao vento, lança-se para uma carreira infernal. Lá vai ela! O automóvel é apenas um bólido escuro. E a echarpe é uma flâmula cheia de graça! O dia, em Nice, está todo azul. O mar é um mar civilizado, calmo... Toda a paisagem é de um encanto sereno... Isadora e o seu grande manto que voa lembram uma de suas danças mais amadas. Inesperadamente, ela levanta os braços, altos, agudos, desesperados, como há anos no Municipal. É a mesma atitude. É a mesma expressão. É o mesmo gesto coreográfico. E cai. O pano desta vez não desceu. E Isadora Duncan ficou estendida, estrangulada, inerte. Ela havia dançado o último e mais trágico de seus bailados." Jornal do Brasil
Reservando a inestimável e trágica perda, a excepcionalidade do acidente que matou Isadora Duncan, 50 anos, não seria destino de outrem. Ambientado pelos detalhes que a cercaram a vida inteira - a beleza, a moda, a liberdade e a solitude dos palcos, o acidente foi um desfecho contundente, mas coerente com a sua história.
Ela era jovem quando chegou em Nova York, para apresentar seu novo estilo de dança livre. Sem despertar no público americano uma resposta conforme suas expectativas, partiu para a Inglaterra em busca deste reconhecimento. Com sua performance de vanguarda logo causou polêmica. E logo chegou o tão almejado sucesso. Com a primeira apresentação nos palcos de Paris em 1902, cativou de vez a Europa. E de lá, o mundo.
Precursora da emancipação feminina
Iniciadora da dança moderna, a americana Isadora Duncan foi uma precursora da emancipação feminina. Com uma atitude transgressora e espírito livre, aliados à sua criativa personalidade, seu estilo revolucionário libertou a mulher da tortura dos coletes, das cintas e dos movimentos rigidamente disciplinados. E rompendo com os padrões clássicos, encantou o mundo com uma maneira inovadora de dançar: de pés descalços, coberta por túnicas leves.
Inspirava-se nas figuras dançantes dos vasos gregos de cerâmica. Como se ressuscitasse a expressão helênica, de singeleza, serenidade e elegância.
Inspirava-se nas figuras dançantes dos vasos gregos de cerâmica. Como se ressuscitasse a expressão helênica, de singeleza, serenidade e elegância.
Outras efemérides de 14 de setembro:
1982 - Acidente de carro mata Grace Kelly, a Princesa de Mônaco
13 de setembro de 1993 - Morre Austregésilo de Athayde
"Quando eu morrer, espero que em meu túmulo figure que fui um defensor do liberalismo e da democracia. Pois baseei minha vida nesses ideais".Austregésilo de Athayde
O escritor Austregésilo de Athayde, presidente da Academia Brasileira de Letras por três décadas e meia, morreu de parada cardiorespiratória, numa clínica no bairro carioca de Botafogo, 12 dias após completar 95 anos de idade.
Pai de três filhos, romancista e ensaísta que não se considerava um literato, mas um jornalista apaixonado pela profissão, "defensor do liberalismo e da democracia, pois baseei minha vida nesses ideais". Athayde foi um dos signatários da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948.
Batizado Belarmino Maria Austregésilo de Athayde, o escritor nasceu em Caruaru, interior pernambucano no dia 25 de setembro de 1898. Filho de um magistrado e de uma musicista, cresceu num ambiente intelectualizado na companhia de outros 11 irmãos. Aos 12 anos, seguiu para o Seminário, tendo estudado até o terceiro ano de Teologia. A carreira religiosa, no entanto, foi abandonada pela intervenção dos padres, preocupados com a falta de firmeza religiosa daquele rebelde que lia autores considerados perigosos na época. No início dos anos 20, já estabelecido no Rio, ingressou no vespertino A Tribuna, registrando assim o início promissor da sua carreira jornalística. Colaborou no Correio da Manhã e assumiu a direção de O Jornal (1924), órgão líder dos Diários Associados de propriedade de Assis Chateaubriand, com quem manteve 50 anos de amizade, nterrompida pela morte do empresário.
O primeiro romance de sua autoria Marion, jamais foi publicado, o que ele justificou "bastante triste para a obra, mas bastante propício para a literatura brasileira". Depois escreveu As histórias amargas (1921) - com prefácio de Coelho Neto e Quando as hortênsias florescem. E vieram ensaios, crônicas e estudos sobre a atuação política de Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e outras personalidades reunidos em Mestres do liberalismo (1952). Escreveu também Vana verba(1966), Epístola aos contemporâneos(1967), Conversas na barbearia Sol (1971), Alfa do Centavo (1979), entre outros.
O homem que tinha em sua biblioteca 40 mil livros, inclusive raras obras do século 16, foi testemunha privilegiada da história da República. De fôlego incansável, só se rendeu mesmo à pneumonia dupla que começou a se manifestar pouco menos de um mês antes do jornalista adbicar de sua imortalidade, conquistada 42 anos antes, ao entrar para a Academia Brasileira de Letras.
Outras efemérides de 13 de setembro:
1911 - Centenário de morte de Raimundo Correia
1989 - Desmond Tutu lidera manifestação contra apartheid
1993 – Israel e OLP assinam acordo de paz
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