domingo, 28 de agosto de 2011
UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA
O sabor do exótico e lindas mulheres
Ronald Mendonça
Médico
Especialistas e curiosos em geral dividem o turismo em Alagoas em antes e depois de Fernando
Collor. É que, na ocasião, o jovem prefeito de Maceió, lá pelos anos setenta do passado século,
encetaria ousada e bem sucedida campanha publicitária destacando as belezas e encantos da “cidade
sorriso”. O turismo bombaria.
Nesse aspecto, foram básicas a estrada para a Barra de São Miguel, num dos governos de
Suruagy e a conclusão, na beira mar da Ponta Verde e Jatiúca, da Avenida Álvaro Otacílio, sob o prefeito
Sampaio. A provinciana Maceió expandiu-se, galgando status de metrópole, e o turismo atingiria
significativa dimensão.
Vieram os hotéis das famílias Vasconcelos e Lundgren, na orla, somando-se ao Luxor, Beira-Mar
e Beiriz. No rastro, dezenas de opções de hotelaria seriam oferecidas. Outros equipamentos culturais
como museus, sítios históricos e monumentos, além das belezas naturais, passariam a receber olhares
especiais. O luto pelo Gogó da Ema começava a ser eleborado.
Uma ferida narcísica ameaçava esse novel filão: nossa primária e amadora rede de restaurantes.
Longes de mim a injustiça e a ingratidão. Fui muito feliz na adolescência ao freqüentar points como O
Buraco da Zefa, o Bar Gracy, O Suez, em frente à Portuguesa, o Ponto Final, em Bebedouro, o Cristal, na
Rua do Comércio...
Naquela época ia-se ao Bar do Chopp, dava-se uma passada nas boîtes de Jaraguá e encerrava-
se a noitada com uma bela macarronada à Camões – ou uma sopa - servida pelo célebre Pescoço, o
garçom do “colou-colou”.
As opções não eram tantas: o restaurante da Fênix, o Bar das Ostras e seu famoso camarão com
manteiga de Major Isidoro, sua marca registrada. O Gaivota, na Jangadeiros, tinha peixe e camarões
como cavalos de batalha. Não havia cacifo para ir ao Zinga Bar – um marco de bom gosto, mas dava
para chegar junto da Casa da Bahia.
Em meio a frenéticas churrascarias, casas de massa, pastéis orientais e culinária mineira, eis que
nos estertores do século vinte, há exatos 15 anos, o jovem casal José e Simone apostariam no exótico.
Criariam o Wanchako, o mais charmoso restaurante da cidade. Simone, a famosa chef, reinventa, com
toque de genialidade, o melhor da cozinha peruana. É uma referência nacional que eleva o nome de
Alagoas ao patamar de um dos melhores endereços gastronômicos do país.
Segundo João Simões, pai de Simone, profundo mistério irisa a fama do Wanchako: a de nunca
ter sido vista mulher feia adentrando nos seus umbrais.
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