quarta-feira, 17 de agosto de 2011

JB NA HISTÓRIA - 17 DE AGOSTO


17 de agosto de 1987 - CIAO! Morre Carlos Drummond de Andrade

Morre Carlos Drummond de Andrade. Jornal do Brasil: Terça-fira, 18 de agosto de 1987.

E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou”. Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade, 84 anos, o maior poeta brasileiro de seu tempo, morreu de insuficiência respiratória. Sua morte não surpreendeu seus amigos mais íntimos, que o viram muito abatido depois da morte de sua filha, doze dias antes. O câncer ósseo levou Maria Julieta e tirou do poeta a vontade de viver.

Um homem desiludido com o mundo. Injustamente rigoroso no julgamento da obra que produziu. Sentia descrença e desilusão. Lamentava que as novas gerações não tivessem mais os estímulos intelectuais que havia até os anos 40, 50. “Os tempos estão ruins. É um fenômeno universal, uma espécie de deterioração dos conceitos e do sentimento estético. Em qualquer país do mundo é a mesma porcaria. É a massificação dos meios de comunicação, tudo ficou igual no mundo inteiro”.

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, na mineira cidadezinha de Itabira. Começou a carreira como colaborador do Diário de Minas e, em 1925, fundou A Revista, veículo modernista mineiro. Funcionário público, foi para o Rio em 1934, e tornou-se chefe de gabinete do ministro de Educação Gustavo Capanema. Autor de diversas obras de poesia e prosa, sua obra narra a trajetória de um homem, de uma geração e de um país. Um homem que saiu do interior para a cidade grande. Envolveu-se nos conflitos de seu tempo e se quedou metafísico e retirado diante das coisas do mundo que o aborreceram.

Seus versos transmitem a emoção que sentia no momento em que escrevia, momento que poderia ser um parodoxo do que havia escrito antes. Tratam de temas metafísicos a fatos jornalísticos. Ele foi diametralmente oposto e talvez complementar. O cronista e o poeta. Foi politicamente comprometido, mas nunca aderiu a um partido. Certos poemas são profundamente religiosos, mas não acreditava em Deus. Gostava de ser amado mas abominava a celebridade. Como jornalista, escreveu na Tribuna de Imprensa e durante 15 anos, de 2 de outubro de 1969 até 29 de setembro de 1984, todas as terças, quintas e sábados, foi cronista do Jornal do Brasil. Foram 780 semanas da história do país e do poeta refletidas com agudeza e lirismo em mais de 2 mil e 300 crônicas. Nos deixando entre outras lembranças um poema,rotativo do acontecimento...

"...E é por admitir esta noção de velho, consciente e alegremente, que ele hoje se despede da crônica, sem se despedir do gosto de manejar a palavra escrita, sob outras modalidades, pois escrever é a sua doença vital, já agora sem periodicidade e com suave preguiça. Cede espaço aos mais novos e vai cultiva o seu jardim, pelo menos imaginário. Aos leitores, gratidão, essa palavra-tudo”. (trechos de CIAO, a última publicação no Jornal do Brasil. Para ler na íntegra, clique aqui!)

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