sábado, 30 de julho de 2011

A POESIA NA MÚSICA


ORESTES BARBOSA
Chão de Estrelas
(1937)

Silvio Caldas e Orestes Barbosa
Interpretação: Silvio Caldas


Minha vida era um palco iluminado
 
Eu vivia vestido de dourado
 
Palhaço das perdidas ilusões
 
Cheio dos guizos falsos da alegria
 
Andei cantando a minha fantasia
 
 
 
Entre as palmas febris dos corações
 
Meu barracão lá no morro do Salgueiro
 
Tinha um cantar alegre de um viveiro
 
Foste a sonoridade que acabou
 
E hoje, quando do sol, a claridade
 
Forra o meu barracão, sinto saudade
 
Da mulher pomba-rola que voou.
 
Nossas roupas comuns dependuradas
 
Na corda, qual bandeiras agitadas
 
Pareciam um estranho festival
 
Festa dos nossos trapos coloridos
 
A mostrar que nos morros mal vestidos
 
É sempre feriado nacional
 
A porta do barraco era sem trinco
 
Mas a lua, furando o nosso zinco
 
Salpicava de estrelas nosso chão
 
Tu pisavas nos astros, distraída
 
Sem saber que a ventura desta vida
 
É a cabrocha, o luar, o violão.
 

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