A Austríaca Apaixonada
Sábado desci à praia a fim de curtir a areia, o mar, um mergulho, um delicioso acarajé, apreciar os corpos voluptuosos deitados na areia, os quais nunca chegarei a conhecê-los ou tê-los, entretanto, posso vê-los.
Acarajé e cerveja na mão procurei me acomodar numa mesa; de repente alguém acenou gritando:
- Capitão dê o prazer, sente aqui.
Convidou-me com gentileza o amigo Edson, ex-garçom do Restaurante Spettus. Perguntou pelos boêmios de outrora, conhece os bons bebedores da cidade. Bem sentado, passei a observar os frequentadores da praia. Jovens, velhos, negros, brancos, pobres, ricos, mulheres seminuas, atletas. A praia é o espaço, a diversão, mais democrata de uma cidade.
Edson agora é locador de cadeiras, mesas e sombrinhas naquele pedaço da orla. Registrado na prefeitura, mostrou-me o crachá. Na temporada de turismo trabalha até mais tarde. Negócio próprio, sobrevive, sustenta a mulher e o filho. Está satisfeito e feliz com sua locadora.
De repente apareceu um meteoro humano em forma feminina. Falsa magra, rosto oval, pele queimada ao sol. Cabelos louros, dourados, cobriam parte do rosto. Olhos azuis claros, brilhantes, nariz reto, boca pequena, lábios encarnados, carnudos e molhados. Vestia um minúsculo biquíni azul claro, ficou em pé junto à nossa mesa, regulava entre 40 e 50 aninhos, pediu ao Edson uma cadeira.
Ele levantou-se com presteza, colocou a cadeira de praia onde a divina indicou.
Ao retornar, conversamos sobre aquela aparição de mulher. Edson me fez confidente, fanfarrão, contou tudo, com detalhes. Narrou a história da austríaca em altos segredos.
A bela mulher trabalha num banco internacional. Apaixonada por Maceió volta sempre quando pode. Hospeda-se no Hotel Meliá. Engraçou-se do Edson, de sua morenice, de seu bom humor e ser bom aprendiz, e claro, do complemento que lhe deu o apelido de Edson Tripé, disse-lhe a própria gringa.
Diariamente vem à praia, toma Sol e muita cerveja. Ao entardecer retorna ao hotel. É quando Edson encerra o trabalho, arruma o material num carro de mão, guarda-o num depósito alugado. Toma banho, veste roupa de grife, presente da austríaca, parte para o hotel. A bela austríaca o espera de lingerie, pronta para a guerra. Assim que Edson tranca a porta, se abraçam, se atracam, não param mais de se beijar, se tocar, se amar.
Ele confessou-me, aprendeu muito com a austríaca na cama, coisa que nunca pensava existir, bom aluno, segundo ela, excelente professora.
Edson ganha camisas, calções, calças, perfumes, toma bons vinhos e uísques. É a terceira vez que aparece esse ano, três lua-de-mel. A austríaca é devassa como nunca viu. Bom demais, capitão! Digo em casa que arrumei um gancho de garçom em um bar, chego à noite cansado.
De repente a austríaca se aproximou, nossa conversa foi interrompida. Ela sentou-se junto a Edson. Fui apresentado, fala bem o português, conversamos pouco. Eu disse ser escritor para impressioná-la, prometi meus livros. Ela nem se interessou, nem me ouviu, estava em outras concentrações, só olhava e alisava o Edson, mal falou comigo, estrangeira sem educação, beijou a boca do Edson, eu ali como se não existisse.
Depois de algum tempo, percebi, eu estava sobrando naquele lugar. Paguei a conta, a gringa ficou satisfeita com minha retirada. Retornei a meu apartamento andando pela areia seca, branca e quente, matutando, pensando na austríaca apaixonada e como o amor é cego, como a paixão ensandece as pessoas. Tantos homens interessantes, engenheiros, escritores, capitães, a austríaca foi se engraçar do neguinho Edson Tripé, garçom, locador de sombrinha. Mundo injusto!
CONVITE – NESSE DOMINGO, DIA 5 DE JUNHO, ESTAREI LANÇANDO O LIVRO: “A AUSTRÍACA APAIXONADA E OUTRAS HISTÓRIAS”. A PARTIR DAS 10:00 HORAS DA MANHÃ NA BARRACA PEDRA VIRADA NA PRAIA DE PONTA VERDE. ESPERO OS AMIGOS PARA UMA CERVEJA E UM BOM PAPO.
Dia 21 DE JULHO LANÇAMENTO NO RECIFE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário