sexta-feira, 20 de maio de 2011

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA

A CASA DA PALAVRA E A CASA CIVIL
Ronald Mendonça
Médico


Ainda ressacado de prazer pela grata e surpreendente  assistência (clientes, amigos e familiares) – que, literalmente, “bombou” a Casa da Palavra-  na noite de lançamento do meu modesto Janela de Vidro, sou provocado  a escrever algo sobre o fato.
O livro, como já foi dito, é uma coletânea de crônicas -publicadas aos sábados na Gazeta de Alagoas, versando sobre temas  do quotidiano, com alguma ênfase  na política. São setenta textos desenvolvidos entre 2004 e 2005, sombrio período da política em que viria à baila, dentre outros esquemas pesados, um dos mais vergonhosos episódios da vida pública brasileira, o milionário Mensalão. Com respingos em Alagoas, os desdobramentos culminariam com a degola de cabeças coroadas do PT (Dirceu, Genoíno João Paulo et caterva), denúncia de quatro dezenas de suspeitos, inclusive o ministro da Casa Civil, o  arrogante José Dirceu, apontado como o chefe da gangue. Se os fatos mereceram o repúdio da população, como matéria-prima para o cronista foram um pitéu.
Por sinal, provando que no governo do PT não há monotonia na Casa Civil, essa pasta  voltou a ser foco de notícias e comentários. Passadas as eras Zé Dirceu-Mensalão, Dilma Rousseff-Dossiês, Erenice-Pimpolhos, quem voltou a aprontar foi o meu colega médico Antonio Palocci. Vejam a ironia. Nós médicos, clínicos e cirurgiões,  passamos uma existência implorando por um salário melhor, uma consulta mais digna, uma moradia razoável... e aí vem o sanitarista (o “franciscano” da medicina), o escandalofílico Palocci, caladinho, na moita, e em  quatro anos “bomba” exponencialmente o seu patrimônio visível.
A verdade  é que –sob a égide de Ricardo Nogueira-  a aristocrática Casa da Palavra também está muito longe de ser monótona.  Consagrada como um dos ambientes mais nobres da cidade,  lindamente vestida de noiva para  o evento, estava perfeita. Nesse aspecto, Janela de Vidro  nasceu em berço de ouro. Sem patrocínio de qualquer espécie (ah mordomias!), contou para a sua entrega ao público com a impecável organização da casa e a modulação inteligente e bem-humorada do experiente e inflamado comandante Nogueira.
Memorável noite! Com direito a canjas dos cantores Madalena, Benedito Lins e Márcia Telma e da fala descontraída do orelhista Abynadá Liro, não é todo dia que se pode ouvir a palavra sensível, poética, precisa e concisa de uma Vera Romariz que, generosamente, prefaciou o livro e, estoicamente, disponibilizou-se  a apresentá-lo. 

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