3 de fevereiro de 1998 - O adeus a Silvio Caldas, o Cantor das Despedidas
Silvio Caldas, 89 anos, morreu de insuficiência respiratória. Três meses antes, fora hospitalizado para uma cirurgia no joelho, depois de levar um tombo. Por recomendação médica, foi obrigado a parar de beber, além de sofrer outras restrições. Desanimado, anorexo e deprimido, viveu seus últimos dias recolhido em seu sítio em Atibaia, interior de São Paulo, até ser internado numa clínica da cidade, onde faleceu no fim da tarde.
Cantor e compositor, Silvio Caldas nasceu no bairro carioca de São Cristóvão. Descoberto num bar por um produtor no final dos anos 20, foi levado para cantar na Rádio Mayrink Veiga. Foi um dos grandes intérpretes da música brasileira nas duas décadas seguintes, fazendo sucesso com faixas como Faceira, de autoria de Ary Barroso e Linda Lourinha, de João de Barro. Mesmo sem muita potência de voz, era do grupo dos grandes da época, com Francisco Alves - o Rei da Voz, e Orlando Silva - o Cantor das Multidões: reverenciado como Caboclinho Querido.
Do final dos anos 70 aos anos 90 ficou conhecido como o Cantor das Despedidas, porque sempre se apresentava de tempos em tempos anunciando que era a despedida de sua carreira. Mas sempre voltava, alegando atender ao chamado dos amantes da boa música.
Amigo do copo desde sempre, foi um boêmio inveterado.Quando lhe perguntavam o segredo de sua vitalidade, ele dizia que desobedecia todas as regras recomendadas aos homens de mais de 50 anos: falava pelos cotovelos, bebia muito, dormia pouco, trabalhava demais e fumava como um desesperado. Também não cultivava modéstia: "Se você encontrar no mundo cinco homens como eu é muito. Eu fui o maior criador de todos os compositores populares, eu que lancei tudo que está aí"
Parceiro de grande nomes como Cartola, Wilson Batista, Billy Blanco e Oreste Barbosa, talvez o maior deles, ao longo da carreira, somou mais de mil músicas gravadas, mas nenhuma nos últimos 18 anos de vida. "Só querem música que dure dois ou três anos, mas eu estou aqui para a eternidade".
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