O Bahia entende tudo do crustáceo. Antes ele pescava, mas, atualmente, compra o siri de Marechal Deodoro a seis pescadores para atender os clientes fiéis, que, nos finais de semana, chegam a consumir 300 unidades por dia. Na alta temporada, o consumo sobe para mais de 500.
No livro Culinária Alagoana, as irmãs Rocha dizem que o siri de coral dá nos meses que têm a letra “R” (setembro a abril). Mas, na opinião do Bahia, tem siri o ano todo, embora reconheça que o mês de maio é o mais fraco. “Do São João até o carnaval tem de fartura”, garante Bahia.
Para atender a sua clientela, que não é formada apenas por alagoanos, mas também por pernambucanos e sergipanos, ele utiliza a “tecnologia” da natureza: são seis viveiros grandes, batizados de “freezer natureza”, onde são armazenados, aproximadamente, 150 siris em cada um deles.
Para manter os crustáceos vivos, os viveiros são colocados na própria lagoa Manguaba, ficando lá até quatro dias. Para os siris não matarem uns aos outros, Bahia coloca folhas, que garantem a paz entre os bichinhos.
“Siri de coral não se guarda em geladeira porque o coral fica duro. Aqui, no meu bar, o crustáceo sai da lagoa Manguaba direto para a panela com água e sal”, revela Bahia, que vende a unidade do siri de coral cozido por R$ 2,00.
Conhecer o siri de coral é muito fácil para o simpático Bahia. “O crustáceo vivo tem a cor vermelha do lado inferior. Já o siri macho gordo é muito mais saboroso que o siri de coral, ideal para virar o famoso filé de siri ou uma fritada”, destaca Bahia, que também tem no cardápio do seu bar a fritada do crustáceo, acompanhada de arroz, feijão e salada, no valor de R$ 28,00.
Siri de coral é cozido na água e no sal. A posta de peixe frito também é outra iguaria bem apreciada no Bar do Bahia, que tem uma bela vista para lagoa Manguaba.
“Não conheço nem a Bahia”
Benedito Pereira dos Santos, o Bahia, nasceu na Ilha do Porto (Marechal Deodoro) e sustentou os cincos filhos com a pesca e com o bar. O apelido de Baiano ele ganhou porque se parecia com o jogador Bahia – “Não conheço nem a Bahia, mas todo mundo só me conhece pelo meu apelido”, conta o alagoano.O bar do Bahia fica na sua pequena propriedade, cujo quintal é a lagoa Manguaba. O negócio é popular, muito simples, não tem formalidades.
Humor e simpatia também constam no cardápio do bar do Bahia. Quem chega ao bar, ele faz questão de mostrar a foto do seu mais novo amigo de infância: o presidente Obama.
“Comer siri de coral é quase uma exclusividade da gastronomia alagoana, não que o crustáceo inexista em outros estados do Nordeste, mas a bióloga e doutora em Oceanografia Biológica, Tereza Calado, que passou quatro anos estudando e pesquisando o Complexo Lagunar, confirma: o siri de coral é uma exclusividade cultural na gastronomia e na pesca artesanal no Estado de Alagoas.
“Temos muitas lagoas. São 17. O manguezal mais preservado e menos poluído contribui para a reprodução das espécies em quantidade. Pelo que eu conheço do Nordeste siri de coral só em Alagoas”, garante a bióloga.
Rota Bar do Bahia
Povoado Pedra, S/N – Marechal Deodoro
Mais informações no 9922.6319
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