quinta-feira, 25 de novembro de 2010

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA

              PERIVALDO, O BEM AMADO

                                               
Não existe avô como Perivaldo. Vive para os netos, é idolatrado pelas crianças. Os três filhos foram bem criados, excelente pai, fez muito sacrifício no início da vida para educar bem os filhos, em bons colégios, conseguiu. Precisou bastante força de vontade para vencer em uma carreira concorrida.  Hoje é um respeitado, eficiente e próspero advogado. No quesito marido, embora tenha feito recentemente 45 anos de casado, não se pode dar uma nota tão boa como pai e avô, Peri padece daquele costume arraigado em alguns homens, nosso amigo é chegado a pular a cerca, a fazer xixi fora do vaso; mulher para ele é a coisa mais sublime que existe, ama o corpo feminino, é chegado a uma mulher nova, bonita e carinhosa. Durante toda sua vida procurou, sempre teve aventuras, uma namorada, uma rapariga, embora nunca deixasse de fazer o dever de casa. Essa outra mulher, a regra três (substituta eventual) em sua preferência tem a tipologia, “loura burra”, ele não gosta de namorinho, logo vai aos finalmentes, como diria Odorico Paraguassu.
         Ainda noivo de Verônica, se hospedava numa pousada em Quebrangulo, terra berço de Graciliano, enquanto frequentava a casa da futura esposa no fim de semana. Certo sábado depois de pegar o jantar e noivar de mãos dadas no terraço da casa do brabo fazendeiro, seu sogro, Peri deu uma volta na noitada da cidade. Havia uma festa no clube, conseguiu entrar com sua convincente conversa, um finório na lábia. Era um desconhecido para os frequentadores do clube. Ao ver uma jovem morena, bonita que nem um botão de rosa, alisou o fino bigode a Clark Gable, passou o pente Flamengo em sua vasta cabeleira, sorriu de longe para a jovem, aproximou-se, tirou-a para dançar. A moça era de Palmeira dos Índios, cidade vizinha, estudante, ele achou ótimo, conversaram, disse ser acadêmico de Direito (não era na época), estagiando no Tribunal de Júri da cidade.  Dançaram várias vezes, foram se chegando, em pouco tempo rostinho colado, o par romântico do salão, quase desconhecidos. Acontece que Cida, prima de Verônica, conhecia bem, ficou uma fera quando viu seu futuro primo de beijinhos com a palmeirense. Não teve dúvida foi contar o que estava ocorrendo no salão do clube. De repente apareceu Verônica braba que nem siri em lata, afoita, de dedo em riste para a bela morena, disse-lhe que Peri era seu noivo, não admitia aquela traição, a jovem espantada e constrangida abandonou o salão e a festa. A reação de Pervialdo foi recolher-se à pensão de Dona Melena. O noivado sofreu um hiato, entretanto, os bombeiros apagaram o incêndio. Tudo voltou ao normal.   
      Mesmo sendo um mulherengo contumaz, nesses 45 anos de casado, Peri só teve um caso mais sério, uma secretária da repartição onde trabalhava. Ele fazia tudo para ficar em casa sossegado, mas a imagem da sirigaita, morando em um pequeno apartamento às suas custas, perturbava-o nas noites monótonas. Depois do jantar ele não achava graça na televisão, à noite sua libido aflorava quando pensava na jovem sozinha a sua espera. Dizia para esposa, saindo de casa, ia comprar cigarro, só retornava as três ou quatro da manhã. Certa vez Verônica se preparou, quando ele avisou da compra de cigarros, ela no mesmo instante mostrou um pacote de seus cigarros preferidos. Ele apanhou o pacote, disse cinicamente, vou comprar fósforo, saiu.
            Esse namoro um dia teve fim. Verônica trouxe um trabalhador da fazenda, valente, temido, o olhar e a voz faziam medo. Deu o endereço, o cangaceiro conversou com a bacana, não precisou muito argumento, a loirinha sumiu da vida de Peri para sempre. Certo dia ela encontrou-se com o ex-amante contou o ocorrido. Não é que nosso amigo teve a cara de pau de reclamar da esposa aquele “mal entendido”. 
                A vida de Peri dava um livro, muita história ceia de charme e picardia. Hoje, pouco mais de setenta anos, frequentador assíduo da praia e do calçadão da orla, continua apreciador de belas mulheres. Gosta de olhar a ginga, o doce balanço no caminhar das jovens e das belas coroas desfilando seus corpos, bonitos, estímulo e perdição do terrível Perivaldo, o bem amado.

CONVITE – AOS AMIGOS QUE MORAM EM BRASÍLIA E AOS AMIGOS DOS AMIGOS EM BRASÍLIA, NO PRÓXIMO DIA 1º DE DEZEMBRO, QUARTA-FEIRA, ESTAREI LANÇANDO MEU NOVO LIVRO, “AS MELHORES HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA” NO MERCADO MUNICIPAL DE BRASÍLIA, W-3 – SUL – QUADRA 509 – ASA SUL – TEL: (061) 3442.4500. SERÁ UMA NOITADA ALAGOANA, NORDESTINA COM CERTEZA.

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