Páginas

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA.


AFINAL, O RETORNO DO CARNAVAL


            Em Maceió, os carnavais de outrora eram de suprema alegria, alto astral fazia bem ao espírito e à cabeça dos foliões dessa terra bonita, onde todos se conheciam, se amavam. No carnaval a ordem era cair no passo, dançar o frevo, sambar, se esbaldar, curtir, namorar.
          A temporada carnavalesca começava com o chique Réveillon do Clube Fênix, logo após vinha o esperado Baile de Máscaras, com fantasias e máscaras obrigatórias ou traje a rigor. Os foliões pulavam até o Sol raiar e um banho de mar amanhecendo o dia na praia da Avenida da Paz. Enquanto a moçada esperava o carnaval chegar, aos sábados havia festas pré-carnavalescas: Noite no Havaí, Preto e Branco, Baile Tricolor. Os surdos e tamborins começavam a esquentar nessas festas, onde a paquera era escancarada. Início e término de muitos namoros.
Durante a quinzena anterior ao carnaval, a Prefeitura organizava uma animada Maratona Carnavalesca toda noite na Rua do Comércio, com corso de carros rodando e muito frevo. As jovens desfilavam sentadas nos para lamas dos carros, jipes e caminhonetes. Nas esquinas havia uma orquestra tocando o frevo. Ali se misturava a burguesia, a classe média, o povão, os estivadores, as empregadas, soldados, pedreiros, lavadeiras. A Maratona Carnavalesca emendava com o carnaval, só terminava quarta-feira de cinzas.
   No domingo antes do carnaval acontecia o Banho de Mar à Fantasia. A Avenida da Paz ficava apinhada de foliões. A C.O.C. organizava concurso de fantasias, blocos e críticas (sempre bem humoradas criticando os governos ou nossos costumes). Destacava-se a turma irreverentíssima formada por: Rubens Camelo, Alipão, João Moura, Napoleão, Bráulio Leite, Vadinho, Santa Rita. O Fusco dava seu show particular, além do Tarzan e senhora, com suas fantasias.
        O carnaval iniciava no sábado de Zé Pereira. Depois do corso tínhamos duas opções para os clubes: CRB ou Tênis. No domingo além da matinal da Fênix havia à noite o Baile dos Marujos no Iate ou o Baile da Fênix.
       Depois do ano novo os blocos de frevo ensaiavam desfilando pelas ruas da cidade. Cara Dura, Cavaleiros dos Montes, Bomba Atômica, Sai da Frente, Vulcão, Pitanguinha vai à Lua, Amigo da Onça, saiam em noites variadas pelas ruas de Maceió. O Bloco Vou Botar Fora, um dos mais animados com sua música, inconfundível, cantada pelos foliões: “Viva a Suprema Folia...Tristeza que vá embora...O que não for alegria... Vou Botar Fora, Vou Botar Fora.”
       De repente os carnavais de clube foram se acabando, como aconteceu em todo o Brasil. E o carnaval de rua também foi sumindo, devido a vários fatores, tantos, que aqui não há espaço para essa discussão. Maceió nos dias de carnaval transformou-se num cemitério, fizeram de nossa cidade um sanatório. Alguns empresários do turismo faziam propaganda, “Venha descansar em Maceió onde não tem carnaval” os restaurantes vazios, os bares fechando, os ambulantes retornavam da praia sem ter vendido sequer uma garrafa de água mineral. Mais de 200 mil maceioenses saem da capital em busca de folia em outras cidades. Se cada um gastar, durante os dias de carnaval, R$ 500,00, são mais de R$ 100 milhões de reais que deixam de circular na cidade de Maceió. Carnaval é dinheiro, um negócio, gera emprego e renda, todos ganham: os taxistas, as costureiras, os ambulantes, os eletricistas ou montadores, as fabriquetas de camisas, os hotéis, as pousadas, os músicos, as barracas de praias, os aluguéis de cadeiras, enfim uma quantidade enorme de profissionais da rede da Economia Criativa, ou seja, a economia gerada pela cultura. E o carnaval além de ser a síntese dessa Economia Criativa, é a maior manifestação popular da cultura do povo brasileiro.
 Há seis anos juntamos amigos e criamos o Bloco da Nêga Fulô para sair durante o carnaval e incentivar outros blocos e retornar o carnaval dessa cidade linda maravilhosa.
  Há Prefeitura entendeu também da necessidade do retorno do carnaval de rua, e que todos têm direito à alegria fugaz que se chama carnaval. Há dois anos a FMAC realiza um projeto de carnaval decente para nossa cidade. Afinal em 2020 está se concretizando a consolidação do projeto de carnaval de rua com uma excelente programação: Polos carnavalescos em diversos bairros de Maceió, como Vergel do lago, Pontal da Barra, Ipioca, Benedito Bentes. Bebedouro, Jacintinho. O Carnaval de 2020 será aberto no Polo Jaraguá na sexta-feira dia 21. E o Polo Orla a agregação de todos os bairros da cidade com uma programação de encher os olhos e alegrar os foliões: De sábado (22) à terça-feira (25) todos os dias, das 10 horas da manhã às 24 horas haverá desfile de Bloco de Frevos, Escolas de Samba, Bloco Afro, Bumba meu Boi, Maracatu entre outros. O Polo Orla, entre os 7 Coqueiros e o Alagoinha, será uma belíssima passarela, onde serão armadas arquibancadas para o povo assistir os desfiles. Os blocos serão abertos, sem cordas, sem obrigatoriedade das camisas. Convidamos a todos maceioense para divertirem-se com tranquilidade a qualquer hora do dia, tragam seus filhos, seus netos. Afinal, é o retorno do carnaval.


Nenhum comentário:

Postar um comentário