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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA - Carlito LIma

                                  LISBOA, VELHA CIDADE.
Lisboa à noite.


Última escala da viagem, descemos em Lisboa direto de Praga, saímos do Leste Europeu encantados com a beleza das cidades, dos prédios, dos castelos, das igrejas, principalmente das mulheres. As eslavas são as mais bonitas do mundo.

Portugal é nosso pai, talvez avô, às vezes nos desentendemos, entretanto, nos amamos há 516 anos, desde o descobrimento. Vivemos juntos, fizemos história juntos. Sinto-me em casa quando estou em Lisboa.  

Nosso país tem tamanho continental graças aos portugueses, os bandeirantes gananciosos em busca de ouro, prata e diamantes desbravaram o Oeste brasileiro, esqueceram o Tratado de Tordesilhas assinado entre Espanha e Portugal em que dividia as terras descobertas. Pelo Tratado, o Brasil português, seria bem menor. Uma linha imaginária passando na região de Belém do Pará e Laguna em Santa Catarina, separava o lado Leste para Portugal e Oeste para Espanha. Entretanto bravos portugueses misturados com nativos, índios, resolveram conquistar o Oeste com as Entradas e Bandeiras, e o Brasil tornou-se esse imenso país, anos depois as Forças Armadas brasileiras ocuparam, marcaram, mantiveram a linha de fronteira do Brasil com os países hispânicos da América do Sul.

Os portugueses não tiveram problemas em se miscigenar com índios e negros formando uma raça de mulatos e cafuzos. A colonização do Brasil teve acertos e erros. Mesmo dividido em capitânias hereditárias, os portugueses conseguiram unificar formando apenas um país, ao contrário da América do Sul Espanhola, dividida em nove países.
Entretanto a colonização brasileira teve um preço, muito ouro, prata, altíssimos impostos, foram diretos para família real viver nababescamente como viviam os reis e a corte.

Em 1755, aconteceu na cidade de Lisboa uma das maiores tragédias urbanas da humanidade. Um grande  terremoto seguido por tsunami deixou milhares de mortos. Casas, igrejas, praças destruídas. A devastação da cidade, foi quase total. A restauração foi trabalhosa, dispendiosa, demorada, modificaram o traçado das ruas. Praticamente reconstruíram nova cidade.]


Naquela época o Marquês de Pombal, nobre diplomata e estadista português. Secretário de Estado durante o reinado de D. José I  (1750-1777), figura controversa e carismática da História Portuguesa, mandava mais que o Rei,  resolveu o problema da reconstrução de Lisboa aumentando os impostos e levando toda a riqueza possível do Brasil. A reconstrução de Lisboa foi feita com o suor e riqueza dos brasileiros. São coisas de colonizador e colonizado, o povo português nada teve com o saque aos cofres brasileiros. 
      
Lisboa, fim da viagem de um bom grupo alegre organizado por Tereza e Pauline Rezende. No Rossio comi um divino ensopado de perdiz. Passeios e compras na Rua da Prata, Rua do Ouro. Fascinante a pitoresca cidade, antigos bondes elétricos trafegam em ruas estreitas e em  largas avenidas modernas.  O antigo junto ao novo sofisticado. Nas noitadas as casas, restaurante, cheios, ouvindo belos fados. Tivemos o privilégio de almoçar o melhor bacalhau de Portugal na Laurentina, com direito à sobremesa bem portuguesa, a baba de camelo.


O colunista com amigos portugueses, Maria e Fernando na Casa do Brasil de Lisboa

Na última noite, devido a gentileza da amiga, Maria Xavier, funcionária do Ministério da Cultura de Portugal, tive a honra em proferir uma palestra seguida de noitada de autógrafos, para minha surpresa, todos os  livros vendidos. Uma alegria imensa ser entrevistado pelo competente jornalista João Morales, o mediador preparou a projeção de fotos de várias fases do Brasil nos últimos 50 anos, assunto da palestra e debate, conversamos mais de hora e meia na Casa do Brasil de Lisboa, no Bairro Alto. Auditório cheio, fiquei emocionado com o carinho dos amigos e dos amigos dos amigos que apareceram.

   E como ninguém é de ferro nos despedimos de Lisboa com um bacalhau na boemia do Bairro Alto. Lisboa sempre a sorrir, tão formosa, e no vestir sempre airosa, o branco véu da saudade. Até a próxima, minha querida cidade, cheia de encanto e beleza.

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