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sexta-feira, 26 de junho de 2015

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND

SUA MAGESTADE ”O NILO”
Alberto Rostand Lanverly
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e da Academia Maceioense de Letras
               

 Em minha infância, aprendi, nos livros de história, que o Egito era “um presente do Nilo”. Sempre me intrigou como podia um imenso país, que possui noventa e quatro por cento de sua superfície dentro do deserto do Saara, caracterizar-se como símbolo de fertilidade, através dos tempos, devido à riqueza advinda das águas do rio que deu força aos Faraós, e vida a cidades como Tebas e Menfis, as atuais Luxor e Cairo, além de Assuan, Edfo e tantas outras.
            O ditado já diz: “só vendo para crer”. Foi assim que, percorrendo por vários dias, o curso de um dos mais famosos rios da história, tive  oportunidade de referendar o raciocínio de Heródoto, o primeiro dos historiadores.
            O Nilo, nos quatrocentos quilômetros que conheci, apresenta largura que varia de um a dois quilômetros, tendo suas margens integralmente irrigadas, estabelecendo a possibilidade de plantio e colheita de legumes, verduras e frutas as mais variadas, além do papiro, flor de lótus, damasco e tantos outros espécimes que oferecem fama ao local.
            O mais interessante, é que a região do Nilo é um cinturão de vida que teima em “empurrar” para trás a árida terra onde nada nasce, pois a temperatura extrapola os quarenta graus centigrados. Bombas operadas a óleo diesel delimitam as glebas de terra, onde impera o verde, representando a “vida”.
            As comunidades ribeirinhas, todas com suas opulentas Mesquitas, são abastecidas por estações elevatórias. E é através do milagre da água, que nelas habitam, não somente os racionais, mas uma grande variedade de irracionais, entre eles os camelos, conhecidos como “navios do deserto”.
            A barragem de Assuan, composta por doze turbinas que juntas geram energia capaz de alimentar, não somente o Egito, mas, também, outros países Africanos, além de parte da Jordânia e Israel, é outro milagre do Nilo, que, comprovadamente,  possui em sua composição, “algas” que funcionam como “adubo” se espalhando pelo solo quando ocorrem as cheias, provenientes das chuvas, propiciando melhor receptividade às sementes que ali são despejadas durante o plantio.
            As “eclusas”, elevadores construídos em pontos estratégicos, como a de “Esna”, faz com que o percurso seja totalmente navegável, facilitando o comércio e também o turismo entre o norte e o sul do país. Nunca é demais lembrar que, desde há milênios, barcos já percorriam o majestoso corredor de água, sem maiores dificuldades.
            Navegar o Nilo é conviver com um “Por do Sol” cujos reflexos embelezam sua superfície escura e transparente; é sentir-se integrante de uma pequena comunidade que, em todo o planeta, teve a oportunidade de cumprir a rota realizada “pelos donos do mundo” conhecido há cinco mil anos atrás; é encantar-se com as “felúcas” e suas imensas velas brancas; é sentir-se alegre com a felicidade dos nativos que acenam, desejando “boa viagem” aos que por ali trafegam. É extasiar-se com monumentais templos milenares, como Philae, Kom Ombo e tantos outros construídos nas encostas rochosas ali existentes. É entender que, realmente, o Egito “foi, e ainda é, um milagre, propiciado pelo famoso rio”.

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