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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

“Não vou permitir fraudes nem erros no Detran” - CACÁ GOUVEIA - Gazeta de Alagoas

“Não vou permitir fraudes nem erros no Detran”
Por: LUCIANA BUARQUE - REPÓRTER
Com pouco mais de 20 dias no comando de um dos maiores órgãos do Estado, Antonio Carlos Gouveia planeja e vislumbra uma série de avanços em curto prazo. À frente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), o advogado levanta a bandeira da agilidade e excelência na prestação de serviços aos cerca de 1,1 milhão de usuários – entre condutores e veículos – e já anuncia novas medidas para melhorar o atendimento ainda no primeiro semestre deste ano.

“O serviço do órgão tem que trazer rapidez e eficiência. Antigamente, o usuário já entrava em pânico quando pensava que tinha que ir à sede, pois aquilo tinha toda uma formatação de agonia e demora. Hoje, somente em janeiro, expedimos 10.500 documentos. Tudo no Detran é gigantesco”, disse em entrevista à Gazeta, onde também falou sobre a intensificação das fiscalizações e parcerias para melhorar o trânsito também em Maceió.

Como diretor-presidente de um dos órgãos estaduais mais ricos e visados, Gouveia afirma que já implantou um serviço de inteligência interno para evitar qualquer tipo de corrupção e avisa: “Na minha cartilha não há espaço para fraudes, equívocos, safadeza e indução a erro”.

Gazeta. O número de usuários do Detran é crescente em todo o estado. O órgão planeja ampliar a capacidade de atendimento para não comprometer essa demanda?

Antonio Carlos Gouveia. Sim, a ideia do governador Renan Filho [PMDB] é ampliar os atendimentos. Nosso primeiro grande gargalo é incrementar as 13 Ciretrans [Circunscrição Regional de Trânsito] espalhadas pelo interior. Elas estão em descompasso com a realidade do Detran de Maceió, precisam de mais funcionários e estrutura. Fiquei impressionado que a Ciretran de Palmeira dos Índios só tinha uma pessoa trabalhando para uma demanda de 70 atendimentos por dia. Ainda não sei como farei o incremento de pessoal, mas teremos que fazê-lo. Quanto à estrutura, como posso ter uma banca examinadora que trabalha no sol, de forma provinciana? Nós queremos dar às equipes do interior o mesmo tratamento da capital. Já começamos por Arapiraca, mudando a sede para dentro do shopping center, num ambiente climatizado, e passando as vistorias para um local coberto. Outra providência é instalar totens de autoatendimento, que vão agilizar os serviços. Estamos fazendo o planejamento e a ideia é que até maio tenhamos totens espalhados em Maceió e nas cidades do interior. Neles, serão disponibilizados os serviços que já estão na internet, mas que muita gente não têm acesso e acaba se deslocando até a sede do Detran para procedimentos simples. Até o meio do ano, também queremos juntar a captação de imagens com os exames clínicos da carteira de habilitação, para que as pessoas não tenham que ir a vários locais durante o processo. Hoje temos uma capacidade para 130 vistorias diárias em automóveis, quero chegar a 250 por dia. Para isso, estamos vendo com a Polícia Militar a possibilidade de que policiais da reserva que já tenham o curso de vistoriador venham atuar na banca examinadora ou nas vistorias. Tudo isso para dar agilidade aos serviços.

A fiscalização será uma das prioridades na sua gestão?

Já é prioridade. Estamos em parceria com a Secretaria de Defesa Social e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) passou a integrar a Lei Seca na minha gestão. Nossas perspectivas são extremamente positivas ao olhar os números de janeiro: em 16 operações nós apreendemos 77 carteiras de habilitação, tivemos nove prisões em flagrante e 65 medidas administrativas. A Lei Seca é um organismo fundamental, que tem um trabalho pedagógico, de inibição, tendo em vista que 90% das notificações do Detran resvala na suspensão da carteira de habilitação por um ano. Temos um número enorme de acidentes com motociclistas, por exemplo, e muitos deles são causados por condutores alcoolizados. Em outra frente, teremos operação contra quadriciclos nas praias durante o carnaval. Esses veículos são proibidos e representam perigo para quem transita a pé. Quem conduzir ou permitir que um menor de idade conduza será responsabilizado criminalmente. Dentro das possibilidades, vamos intensificar o controle. Inclusive, estamos viabilizando, até junho, o leilão dos 6 mil veículos apreendidos que estão abarrotando o Detran, assim teremos oxigênio para fazer mais fiscalizações e apreensões.

A educação para o trânsito é um ponto importante na prevenção de acidentes, bem como de infrações. Haverá novidades nesse quesito?

A gente tem o departamento de Educação para o Trânsito, o Edutran, mas queremos ampliar esse formato, trazendo outros órgãos para o trabalho. Então, já estamos viabilizando uma parceria com a PRF para criar uma Escola de Trânsito, junto também com a SMTT [Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Maceió]. A PRF vai liberar o andar térreo do posto próximo à Ufal para montarmos uma base da nossa equipe volante de operações, assim como o espaço destinado ao trabalho da Escola de Trânsito. Esperamos estar com tudo pronto já em março. Ainda nessa linha, o próprio juiz da Vara de Trânsito está estudando, junto com o Detran, a possibilidade de que a responsabilização do condutor por algum sinistro seja revertida em serviço de educação na Escola de Trânsito. Nossa ideia é essa, fazer um trabalho de comunicação entre os órgãos envolvidos com trânsito para ajustar procedimentos, já que todos deságuam em um mesmo propósito. Isso é melhor do que trabalhar isoladamente.

Há recursos para implantar todas essas ações?

Veja só, dizer que há com folga, não há. Mas há uma determinação do governador de promover isso. Então eu tenho que buscar priorizar algumas situações. Se existir “gordura”, a gente enxuga e canaliza o recurso para ali. Quando temos equipamentos de ponta no Detran, como eu posso ter mecanismos que me remetem ao século passado? Tudo tem que andar junto.

Maceió cresceu desordenadamente e o trânsito, hoje, está tomando contornos caóticos sem perspectiva de grandes melhorias. O Detran pode apoiar a capital nesse sentido?

Como o trânsito em Maceió é atribuição da SMTT, eu tenho conversado com o superintendente e nossa ideia é fazer um trabalho de aproximação para, por meio de um convênio, colocar o Detran para atuar naquilo que eles não conseguem fazer. A frota é um obstáculo. No estado, temos mais de 750 mil carros e 230 mil motocicletas. Estamos falando de quase 1 milhão de veículos transitando por ruas que são as mesmas há mais de 20 anos. Temos um esgotamento desse espaço, que resulta em agonia, pressa e acidentes. Como não há uma perspectiva de resolver isso num prazo curto, porque o planejamento e criação de novas vias demora anos, temos que encontrar algumas soluções. A Prefeitura de Maceió já criou algumas, como a “Faixa Azul” de ônibus, mas nós queremos ampliar essas soluções com a participação do Detran.

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