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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

UM TEXTO DE RONLD MENDONÇA

30,00 PARA FAZER FAVOR
RONALD MENDONÇA
 MÉDICO E MEMBRO DA AAL


Um urologista do Hospital Sírio-Libanês, de SP, foi atingido por três disparos de arma de fogo enquanto atendia no seu consultório. O autor, médico também, embora não tivesse hora marcada, exigiu ser atendido. Como se tratava de um cliente antigo (e, talvez, pelo fato de ser médico), foi aberta uma exceção. As notícias são de que o agressor padecia deproblemas nas vias urinárias que não teriam tido sucesso com o tratamento. Em última análise, tratava-se de alguém insatisfeito com seu médico.O desfecho da trágica notícia não permite dúvidas sobre o desequilíbrio mental do quase assassino (o urologista sobreviveu). Após tomar o elevador o agressor suicidou-se.
Esta semana, a Gazeta de Alagoas estampou uma estarrecedora matéria de capa. Tratava-se do suicídio de um jovem (psicótico, segundo informações), depois de ter matado a golpes de peixeira duas irmãs. Enredochocante sob qualquer ponto de vista. É uma tragédia de uma dimensão tão grande que ninguém sabe como consolar os pais dessas crianças.
Procuro imaginar no que pensam os elementos que investiram e investem na destruição dos hospitais psiquiátricos. Volto no tempo e me vejo no ano 2000 fazendo papel de bobo na Câmara Municipal de Maceió, numa “audiência pública” (de cartas marcadas) a ouvir neófitos vomitarem impropérios contra hospitais psiquiátricos. A orientação do Politburoera para fechá-los a todo custo.
O que pensa essa gente quando se depara com tragédias de tais magnitudes? Li e ouvi em diversas ocasiões que a doença mental seria “criativa” e “libertadora”. Para os áulicos da “luta antimanicomial” os loucos não só seriam doces, inofensivos,mas sobretudo felizes. Destarte, um internamento seria uma inominável agressão.
Sonha-se com a psiquiatria romântica do atelier, das telas, das tintas e dos pincéis, dos gatos mitológicos, da argila, da conversa mole... Em sendo assim, todo psicótico seria um Van Gogh em potencial. Por seu turno, aSaúde Mental do MS segue a velha orientação de fanatismo esquerdista. Por óbvias razões não conseguiu fechar os hospitais psiquiátricos. O Plano B foi a via perversa do repasse da diária de R$ 30,00. A ordem é sacanear impiedosamente.

Digo aos companheiros e companheiras, se esses suicidas/homicidas estivessem internados num frenocômio, tomando Haldol e sob os cuidados de uma equipe multidisciplinar, dificilmente eles seriam capa de jornais.

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