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sexta-feira, 2 de maio de 2014

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND

PENSANDO NOS CORREIOS, VEMOS O BRASIL
Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL
                
     

Guardo, com muito carinho, as primeiras memórias provenientes do aprendizado em sala de aula, cujos conceitos, em sua grande maioria vinham corroborar tudo o que escutava em meu próprio lar. Sempre achei, porém, que os Dez Mandamentos gravados por Deus em uma Rocha e trazidos a público por Moisés, resumiam tudo quanto precisava. A correta interpretação daquele texto nos oferece os ingredientes básicos para vivermos em plenitude e conscientes do dever cumprido.

            Recordo provir daquela época meu respeito pela palavra credibilidade, como forma de dizer, mesmo modestamente, o pouco que podia fazer em qualquer circunstancia. Os tempos passaram, mas nunca esqueci que credibilidade é consequência do dizer, do fazer, prometer e cumprir, pois palavra é compromisso.
            Ao longo de minha vida acreditei em pessoas, em instituições públicas ou privadas e também em sonhos. Poucos foram os racionais que me decepcionaram enquanto muitos de meus desejos se concretizavam. Em contrapartida, preocupa-me o rumo tomado pela oferta dos serviços básicos provenientes de organismos institucionais responsáveis pelo desenvolvimento de nossa sociedade.
            Justiça seja feita. Ao longo dos tempos, Maceió sempre viveu às turras com o crônico problema da falta de infraestrutura. Eu era criança e a Maternidade Santa Monica, o HGE e o Necrotério, já eram motivo de críticas, assim como o surgimento das favelas de Jaraguá e Dique Estrada, nascidas e crescidas no coração da capital dos alagoanos. Lembro, porém, que o serviço prestado pelos Correios do Brasil era sinônimo de excelência e, acima de tudo, de credibilidade. Postou, chegou...
            Hoje, infelizmente, até a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos parece haver tomado uma estrada sem rumo. É engraçado, mas quando se vê algo de longe, tudo parece faltar som, como se fosse um filme mudo. A criatividade de cada um é que vai emprestando vida àquilo que nos afeta. Dias atrás, por intermédio de um carteiro, recebi um pacote com quarenta e oito correspondências, só para minha pessoa.
            Faturas, as mais variadas, muitas já vencidas desde o final de fevereiro e inicio de março – deste ano; um cartão postado a meus netos cinquenta dias antes, enquanto viajava, informando-os da minha saudade; um convite para minha posse, como sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, cuja solenidade fora realizada – sem minha presença – já há duas semanas e, pasmemos mais ainda: um cartão de AR, referente a encomenda que mandei, sem o carimbo dos Correios, na cidade de destino e nem a assinatura do recebedor. Enfim, um verdadeiro caos, se considerarmos a ECT um retrato de tudo quanto “os traquinos dirigentes” dos tempos atuais impõem à sociedade, como um todo.
            Que o digam a PETROBRÁS, IBGE, CBF e tantos outros organismos semelhantes, que, aos poucos, se vão desmanchando no ar. Quem pensa no Brasil já não sabe o que pensar e os que imaginavam estar certos se atrapalharam, faz tempo, enquanto eu e você, que temos a capacidade de raciocinar, mesmo aturdidos como estamos, não podemos deixar de acreditar em mudança vinculada à credibilidade, na definição da palavra.

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