LANTERNA DOS AFOGADOS
MARCOS DAVI MELO – médico e membro da AAL.
Um traficante de drogas é eliminado por um bando rival em São Paulo. Seu irmão enfurecido incendeia mais de vinte ônibus em uma garagem, a maioria destinada a transportar deficientes físicos. O empresário vitimado, assustado e temeroso, fala sobre o crime escondido.
Um dançarino que suspeitamente escalava telhados é eliminado durante um confronto em favelas no Rio, supostamente pela polícia, e Copacabana é transformada em praça de guerra: incêndios, tiroteios, ruas obstruídas. Uma jovem dá entrevista e grita que a infeliz vítima era um símbolo, um exemplo. No enterro, houve agressiva rejeição à presença da Polícia Militar Pacificadora nessa comunidade.
As estradas que dão acesso a Maceió são constantemente obstruídas impedindo o direito de ir e vir geral. São os moradores das imediações, que por qualquer motivo se acham nesse direito ou motoristas de veículos clandestinos. Quando a polícia chega, é rechaçada violentamente.
O IBGE, ainda uma das mais respeitáveis instituições nacionais, mobiliza seus funcionários em defesa de sua indispensável independência contra a ingerência política, luta em defesa de sua integridade e tenta desesperadamente não ser cooptada como ocorreu com congênere na desmoralizada Argentina.
Esse espaço é insuficiente para elencar outras situações que justificariam o desânimo que ora toma conta da maioria da população brasileira. O Gabo, que nos deixou recentemente, afirmava que em seus livros utilizava somente essa cruel faceta latino-americana.
Inquestionavelmente, um dos nossos maiores problemas é a falta de símbolos para cultuar, de exemplos vivos nos quais as pessoas possam se inspirar, principalmente vindos de cima. Daí, uma liminar como a expedida pela ministra Rosa Weber, do STF, é como uma lanterna para os afogados nesse mar de loucura e irresponsabilidade. Felizmente, ainda resta esperança que a democracia e o Estado de Direito possam, mesmo a duras penas, aqui sobreviver, e não nos tornemos uma Venezuela. Uma CPI específica para a Petrobras, mesmo com maioria governista, nos sinaliza que sobrevive alguma civilidade nessa desordem toda. Pode ser até que ela nos traga aquilo que T. S. Eliot afirmava: “A raça humana não suporta muito a realidade”. Isso seria imenso amadurecimento.
Um dançarino que suspeitamente escalava telhados é eliminado durante um confronto em favelas no Rio, supostamente pela polícia, e Copacabana é transformada em praça de guerra: incêndios, tiroteios, ruas obstruídas. Uma jovem dá entrevista e grita que a infeliz vítima era um símbolo, um exemplo. No enterro, houve agressiva rejeição à presença da Polícia Militar Pacificadora nessa comunidade.
As estradas que dão acesso a Maceió são constantemente obstruídas impedindo o direito de ir e vir geral. São os moradores das imediações, que por qualquer motivo se acham nesse direito ou motoristas de veículos clandestinos. Quando a polícia chega, é rechaçada violentamente.
O IBGE, ainda uma das mais respeitáveis instituições nacionais, mobiliza seus funcionários em defesa de sua indispensável independência contra a ingerência política, luta em defesa de sua integridade e tenta desesperadamente não ser cooptada como ocorreu com congênere na desmoralizada Argentina.
Esse espaço é insuficiente para elencar outras situações que justificariam o desânimo que ora toma conta da maioria da população brasileira. O Gabo, que nos deixou recentemente, afirmava que em seus livros utilizava somente essa cruel faceta latino-americana.
Inquestionavelmente, um dos nossos maiores problemas é a falta de símbolos para cultuar, de exemplos vivos nos quais as pessoas possam se inspirar, principalmente vindos de cima. Daí, uma liminar como a expedida pela ministra Rosa Weber, do STF, é como uma lanterna para os afogados nesse mar de loucura e irresponsabilidade. Felizmente, ainda resta esperança que a democracia e o Estado de Direito possam, mesmo a duras penas, aqui sobreviver, e não nos tornemos uma Venezuela. Uma CPI específica para a Petrobras, mesmo com maioria governista, nos sinaliza que sobrevive alguma civilidade nessa desordem toda. Pode ser até que ela nos traga aquilo que T. S. Eliot afirmava: “A raça humana não suporta muito a realidade”. Isso seria imenso amadurecimento.
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