SEU MAIA, O APAGADOR DE LAMPIÕES
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Maceió dos anos 1960 do século passado era um quase povoado. Aos domingos, depois de um futebol nas areias da Praia da Avenida, seguido de um ou dois copos de ponche de maracujá na esquina do Arcebispado (acompanhado de pão doce), o destino era ir para casa enquanto chegava a hora do jogo no campo do Mutange.
Sem TV, as soirées do cinema São Luiz eram um programão. Assistir ao filme era apenas uma das partes da programação. A outra era bater pernas no Centro a olhar as vitrines das principais lojas.
A rua do Comércio abrigava tipos humanos diversos. Um deles, era um senhor sóbrio, discreto, que circulava nas imediações do São Luiz, olhando vitrines. Um dia eu o vi dentro da Normande colocando peças para exposição. Doutra feita, já após o término da última sessão, voltei a vê-lo apagando as luzes e baixando a porta de metal da loja...
Este cidadão, uma espécie de “acendedor de lampiões”, era o sr. Maia, gerente da Normande. Todas as noites descia do Farol, para apagar as lâmpadas e descerrar as portas. A Rua do Comércio nunca mais foi a mesma depois que ele se aposentou. Aos cem anos completados nesse início de março, seu Antonio Maia não tem ideia das vezes que deu vida, luz e cores ao Comércio. Sobretudo lições de dignidade.
Chegar lúcido aos cem anos não é moleza. Considerar a longevidade uma dádiva divina, há que se inferir que a morte precoce é um castigo... Maia pertence à família de longevos. Num país de poucos centenários, o mais famoso foi o arquiteto Oscar Niemayer. Sua receita era simples: entre ficar de pé e sentar, preferia sentar. Entre sentar e deitar, sua opção era a segunda. O jornalista Barbosa Lima cruzou a barreira dos três dígitos pedalando 40 vezes por dia uma bicicleta estática.
Convivendo com o seu Maia, podem-se descobrir alguns truques para a longa vida. Há a inelutável genética, é claro. A natureza calma e disciplinada. Apesar de ter criado um filho com necessidades especiais, nunca se abateu. Viúvo, o filho, Rubinho, era seu companheiro e cúmplice. A viuvez e depois a morte de Rubinho foram golpes difíceis de superar..
Todos os dias está no calçadão da Ponta Verde. Parece que caminha cerca de 100 metros. Um metro por cada ano de vida. É tetravô e apologista de uma dieta mais ou menos vegetariana. Bebe pouquíssimo. Nem tudo são flores. Uma das suas maiores preocupações, segundo ele mesmo, é “no dia em que ficar velho”.
Sem TV, as soirées do cinema São Luiz eram um programão. Assistir ao filme era apenas uma das partes da programação. A outra era bater pernas no Centro a olhar as vitrines das principais lojas.
A rua do Comércio abrigava tipos humanos diversos. Um deles, era um senhor sóbrio, discreto, que circulava nas imediações do São Luiz, olhando vitrines. Um dia eu o vi dentro da Normande colocando peças para exposição. Doutra feita, já após o término da última sessão, voltei a vê-lo apagando as luzes e baixando a porta de metal da loja...
Este cidadão, uma espécie de “acendedor de lampiões”, era o sr. Maia, gerente da Normande. Todas as noites descia do Farol, para apagar as lâmpadas e descerrar as portas. A Rua do Comércio nunca mais foi a mesma depois que ele se aposentou. Aos cem anos completados nesse início de março, seu Antonio Maia não tem ideia das vezes que deu vida, luz e cores ao Comércio. Sobretudo lições de dignidade.
Chegar lúcido aos cem anos não é moleza. Considerar a longevidade uma dádiva divina, há que se inferir que a morte precoce é um castigo... Maia pertence à família de longevos. Num país de poucos centenários, o mais famoso foi o arquiteto Oscar Niemayer. Sua receita era simples: entre ficar de pé e sentar, preferia sentar. Entre sentar e deitar, sua opção era a segunda. O jornalista Barbosa Lima cruzou a barreira dos três dígitos pedalando 40 vezes por dia uma bicicleta estática.
Convivendo com o seu Maia, podem-se descobrir alguns truques para a longa vida. Há a inelutável genética, é claro. A natureza calma e disciplinada. Apesar de ter criado um filho com necessidades especiais, nunca se abateu. Viúvo, o filho, Rubinho, era seu companheiro e cúmplice. A viuvez e depois a morte de Rubinho foram golpes difíceis de superar..
Todos os dias está no calçadão da Ponta Verde. Parece que caminha cerca de 100 metros. Um metro por cada ano de vida. É tetravô e apologista de uma dieta mais ou menos vegetariana. Bebe pouquíssimo. Nem tudo são flores. Uma das suas maiores preocupações, segundo ele mesmo, é “no dia em que ficar velho”.
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