EXUPERY VERSUS CHAPLIN: CATIVAR É PRECISO
Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoanas de Letras e do IHGAL
Algumas personalidades excedem em respeito, devido ao legado que deixam para as gerações que as sucedem. Mesmo mortos, permanecem vivos devido a suas incomparáveis obras.
Desde sempre, a leitura tornou-me intimo de figuras fantásticas, que, com suas capacidades de criar, de alguma forma me influenciaram, mas, acima de tudo me fizeram entender serem os atos, por tocarem fundo o coração de um semelhante, mais valiosos que palavra, uma vez que estas facilmente se perdem nos ventos.
Antoine Saint Exupery, um francês nascido em 1900, na cidade de Lyon, piloto de guerra, morto em combate, aos 44 anos idade, enquanto defendia, dos temíveis alemães, as cores de seu país e dos aliados, foi imortalizado por suas obras e ilustrações, ainda hoje muito atuais.
Lembro de haver lido, em minha infância, o Pequeno Príncipe. Apaixonei-me por cada personagem por ele tão bem retratadas naquele trabalho. Contudo, uma frase pinçada de um dos capítulos desse livro marcou época em meus pensamentos: nós somos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos.
Em outro momento de minha vida, passei a estudar um pouco sobre o inigualável Charles Chaplin, um inglês que escrevia com a mão esquerda, nascido em 1889 e falecido em 1977, ator, diretor, humorista, escritor, dançarino, roteirista e musico, sem igual. Respeitado aqui e alhures, notabilizou-se como o mais famoso astro do cinema mudo, tendo feito escola em todo o planeta, inclusive no Brasil, com os eternos Mussum, Zacarias e Didi, os notáveis Trapalhões. Porém, para mim, uma única sentença de sua lavra me basta: somos responsáveis por aqueles que nos cativam.
Em um mundo pervertido como o atual, onde os seres humanos usam e abusam da boa fé daqueles com os quem convivem, seguir o pensamento de Exupery enseja estarmos sempre lutando para agradar ao próximo, enquanto, absorvendo a concepção de Chaplin, estaremos sempre preparados para respeitar os que nos dedicam idêntico tratamento e sentimento.
Na pureza do inicio do século XX, o francês deixou claro que cativar é uma coisa muito esquecida, pois significa criar laços. Já mais escolado pela vida, o inglês propagou que a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna.
E assim vou vivendo, sorrindo sempre, respeitando constantemente, principalmente os que me cativam, por entender, cada dia mais, ser a vida um plantar constante. Não adianta, já no final dessa jornada buscar, através de uma guinada de atos, apostar no bem e no bom, se no cotidiano de outrora a realidade foi diferente.
Este momento de minha vida é de leituras puras e belas, de palavras mágicas e fantasias que me fazem flutuar, onde resgato inspiração, a melhor do mundo, além daquilo que desejo para meu universo. É nessa pureza que tenho acreditado. Ela é fonte da leveza que busco vivenciar. A cada nascer do sol sinto-me feliz e realizado por entender que alguém, até com gestos simples, consegue me cativar, mesmo sabendo que aquele comportamento somente aumenta minha responsabilidade de viver.
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