Estão Pisando as Flores e a 4ª FLIMAR vem aí
“Na primeira noite eles se aproximam, colhem uma flor de
nosso jardim e não dizemos nada... Na segunda noite já não se escondem: pisam
as flores, matam nosso cão e não dizemos nada... Até que um dia o mais frágil
deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e conhecendo nosso medo
arranca-nos a voz da garganta e por que não dizemos nada?... Já não podemos
dizer nada".
Esse poema
é atribuído a Maiakowsky, poeta russo,
guru das esquerdas nos tempos da ditadura. Seus versos eram lidos, recitados
nos porões, nas prisões, nas reuniões, nos botequins. Este poema era o favorito
de 9 entre 10 militantes, principalmente os de mesa de bar. Uma fábula pouco
sutil contra a repressão. Época romântica, página passada de nossa história.
Nas minhas
releituras, revejo esse poema atualíssimo na dura realidade da nossa cidade.
Os
vândalos estão à solta, colheram nossas flores, pisaram nosso jardim,
encravaram outdoors, placas, faixas em nossa paisagem. Uma cortina de anúncios
encobre a visão do azul-verde de nossos mares, poluindo visualmente uma das
orlas mais bonitas do planeta. São os vândalos que estão transformando o calçadão,
a urbanização de nossas praias, em um macacão de piloto de Fórmula 1, com
profusão de propagandas inóspitas.
Esses anúncios coloridos agridem a beleza
natural das praias e coqueirais, com agravante do desrespeito à legislação e
acobertados pela política de avestruz das autoridades. Esses devastadores de
nosso belo patrimônio, com cara-de-pau, tentam nos convencer, estão embelezando
Maceió com esses luminosos de gostos duvidosos e fabricação da pior qualidade. É
a transformação do nosso maior patrimônio natural em uma pífia, caquética Las
Vegas.
O
privilégio de emporcalhar nossa orla, não fica por conta apenas desses
gananciosos, imediatistas comerciantes, coveiros do turismo. Estão soltos os
ambulantes, os barraqueiros, os felinos churrasqueiros. Sujam as praias, poluem
os mares já degradados pelos esgotos dos inescrupulosos moradores da orla
marítima. Afrontam as leis, matam nosso cão, pisam nossas flores, nossos
jardins, roubam nossa Lua, e nosso Sol.
Mas ainda
não arrancaram a voz da garganta. Podemos, devemos falar enquanto houver
indignação, verde e esperança.
Senhores que "fazem" o turismo e o meio-ambiente nas Alagoas:
é preciso dar um basta na devastação de nossas belezas naturais. Dessa maneira
acabam com o turismo; redenção, vocação, esperança e futuro da nossa amada
imortal Alagoas.
“Fazer” turismo não basta ir vender nossas belezas cênicas. É
imprescindível trabalhar, reivindicar, orientar nossos governantes para que se
tenha serviço urbano adequado e qualidade de vida, sem poluição de nossas belas
praias.
A
Prefeitura se acha impotente? Chame o Ministério Público. A Coordenadoria de
Defesa dos Direitos de Cidadania está prestando um excelente serviço para a
comunidade alagoana. Cidadania não implica só em direitos, pressupõem-se,
sobretudo, deveres.
Afinal,
todos nós também somos responsáveis pela catástrofe urbana da orla. É preciso gritar
alguma coisa enquanto temos voz e ainda podemos ver o exuberante azul
esverdeado do nosso mar.
Esta crônica publiquei na Gazeta de Alagoas em 14 de junho de 1995, está atualíssima, não
mudo uma vírgula.
4ª
FLIMAR - Entre 25 e 28 de setembro o alagoano terá o privilégio de desfrutar
da 4ª FESTA LITERÁRIA DE MARECHAL DEODORO, esse ano vai extrapolar com muitas
palestras, folclore, banda de música, shows noturnos, FLIMARZINHA para crianças, feirinha de cultura, desfile de
moda renda, sarau poético na Casa-Museu do Marechal, trenzinho da BRASKEM em
passeio no Centro Histórico. O Prefeito Cristiano Matheus convida a todos
alagoanos assistirem um dos maiores eventos culturais do Nordeste. Haverá saída
de ônibus e van em intervalos de 10 minutos no Terminal da Praça Afrânio Jorge,
bairro do Prado. Vá se divertir e aprender, leve sua família, seu colégio. Marechal
investe na maior riqueza do povo, sua CULTURA. Programação e informações no
site-blog: http://4flimar.blogspot.com
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