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quinta-feira, 11 de julho de 2013

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND

O ROUBO NO CEMITÉRIO

Alberto Rostand Lanverly
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e da Academia Maceioense de Letras
                
Ultimamente, temos vivido dias de trovão e noites de relâmpago. Os recentes eventos, que movimentaram – e pararam – as ruas e avenidas de nossa Pátria, parecem ensejar que o brasileiro, após conviver, por um longo período, com um País gestante, tenta, com muito esforço, fazer surgir de suas entranhas um novo Brasil, cujos pilares de sustentação sejam, acima de tudo, decência e honestidade.
            O século XXI chegou sob os auspícios da esperança. Recordo dos anos setenta, de uma era que passou, época em que inúmeras cortinas de fumaça eram jogadas nos olhares de crédulos cidadãos que, rapidamente, não somente cegou,  como amarrou gerações a troncos virtuais, somente comparados àqueles tão conhecidos dos negros escravos, oriundos do continente africano.
            Não precisa forçar a memória para, cada um, se dar conta da verdade que ora nos cerca. Para clarear as idéias, basta exercitar a arte de lembrar, que detalhes como o mensalão, a falta de infraestrutura viária, os engarrafamentos infernais,  inexistência de saúde, educação, transporte e segurança, o superfaturamento, salários indignos, e tantas outras mazelas, principalmente o retorno da inflação, facilmente emergirão como verdades inquestionáveis.
            Tudo isto é doloroso. Contudo, um dos itens que mais macula a escrita de nossa história é a corrupção, mãe de todos os males, que, com seus tentáculos de hidra, faz neutralizar, nas mais diversas camadas da sociedade, a prática da honestidade, mesmo que em situações as mais fúteis possíveis, desde que, seguindo as pegadas dos  detentores do poder, também, de alguma forma, o homem, atropelando seus semelhantes, venha a levar vantagem.
            Um exemplo deste fato, simples, mas vergonhoso, vivi ultimamente no Cemitério Parque das Flores, quando, após depositar jarros, com bromélias, para embelezar o túmulo de Rostand, meu pai, retornei, dia seguinte, para nova visita e, entristecido, verifiquei que os mesmos haviam sido roubados, fato que já se repetiu por cinco vezes, no último trimestre. Chego à conclusão de que, nem “as covas dos defuntos” são mais respeitadas. Pensei até em, sendo permitido, colocar uma cerca elétrica isolando o pedaço de terra.
            Tudo isto é o reflexo da pratica da bandidagem generalizada que tem início com a desmedida falta de estrutura, oferecidas pelo governo a seus próprios órfãos, ensejando  ócio, abandono e  falta de expectativa para o futuro.
parto que, nos dias atuais, se opera no Brasil, trás esperanças quanto ao nascimento de novo tempo, onde, quem sabe, seguindo o teor de um dos muitos textos lidos nos cartazes espalhados, ultimamente, pelas ruas das cidades, os alunos de colégios e até universidades, deixem de chamar seus docentes de tio, treinadores de futebol de professor, e, muitos bandidos, de excelência e ilustríssimo. Aí, sim, estaremos no caminho certo. Contudo, o engajamento de todos é necessário, ainda que seja escrevendo um texto de opinião.

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