A TURISTA
ITALIANA
No primeiro dia do ano Neno recebeu telefonema da Itália, o senhor
Vitório desejava alugar um apartamento mobiliado por uma quinzena. Tudo
acertado, Neno, gentil, dá toda assistência possível, no dia marcado foi ao
aeroporto receber a namorada do italiano, viajava sozinha na frente, Vitório chegava
depois. Não foi difícil reconhecer Gioconda, bela mulher de rosto oval, olhos castanhos,
lábios rosados, grossos, nariz de escultura grega, cabelos castanhos longos,
crespos, faixa entre 25 a
30 anos, elegante, fêmea da melhor qualidade.
Ao chegar ao apartamento do Edifício Patmo
na praia de Jatiúca, a italiana estava com fome, era noite, foram comer um
crepe no Operant. No dia seguinte Neno tinha compromisso em Porto de Pedras,
convidou a bela Gioconda para um passeio, conhecer belas praias. Pela manhã ela
apareceu na portaria do prédio vestida numa generosa tanga, pouco cobria seu
divino corpo de pele rosada. Entraram no carro, rumaram ao litoral norte.
Gioconda encantada com o azul esverdeado
do mar, os coqueiros em volta reluzindo nas palhas a luminosidade da manhã de
verão, sentiu-se no paraíso. Durante o percurso conversou bastante, ela estuda
línguas, arranha o português, aproveitava, praticava conversação, pediu para
Neno corrigir os erros, sorria com envolvente simpatia. Contou um pouco de sua vida, mora com Vitório
em Milão, rica cidade da Itália. O namorado deu-lhe de presente esta viagem,
conhecer o Brasil, o Nordeste, Maceió. A italiana estava deslumbrada, Vitório
havia acertado.
Neno cantou, a pedido da deusa, músicas de Chico
Buarque, esclarecia as dúvidas da letra, da poesia. A viagem se tornou
agradável. Ao passar pelas pelos inúmeros povoados de belos mares, Gioconda
tirou fotografias do mar, dos coqueiros altos e viçosos, de repente deu um
beijo molhado no rosto de seu professor, o sangue ferveu. Ao chegar à cidade de
Porto de Pedras Neno resolveu pendências no Cartório, na Prefeitura, ficou
livre, sem compromisso. Levou a bela por uma estrada carroçável até a praia,
convidou a um mergulho nas águas mornas, ficaram de banho de mar numa pequena
piscina natural rodeada de recifes, em torno deserto, Neno gritou feito Tarzan,
apenas um eco ao longe respondeu, a italiana de repente se achegou junto ao
cicerone, alisou os cabelos crespos do peito, olhou nos olhos e deu-lhe a boca,
o beijo prolongado aflorou a lascívia. Amaram-se na piscina tendo como
testemunha apenas peixinhos colorido, um cavalo marinho e duas águas vivas
nadando nas águas claras em redor dos visitantes.
Eram três horas da tarde quando almoçaram
peixada com camarão num restaurante à beira-mar. Gioconda se encantou com a
alegria, o jeito de contador de histórias de Neno. Ele deu aula de história,
Calabar, Zumbi, franceses, holandeses, portugueses colonizadores das Alagoas.
Ao entardecer retornaram a Maceió. No apartamento se despediram na cama,
marcaram para o outro dia.
Dia seguinte visitaram o litoral sul, depois
de atravessar a exuberante Ilha de Santa Rita entraram na bela, histórica,
barroca cidade de Marechal Deodoro. Gioconda, mulher culta, estava extasiada
com a antiga cidade de quatro séculos, bem conservada, visitou a Casa de
Marechal Deodoro, o Palácio Provincial, comprou saída de praia no Mercado da
Renda, maravilhou-se com o Convento Franciscano, Museu de Arte Sacra. Almoçaram
numa barraca da orla lagunar apreciando as canoas de velas coloridas na Lagoa Manguaba.
Entre passeios e muito amor passaram-se quatro
dias. Vitório chegou no dia previsto. Neno foi com Gioconda buscar o namorado
no aeroporto, belo senhor grisalho, 40 anos mais velho. Muito simpático,
conversaram alegremente no trajeto até o apartamento. Neno, com pena, falava
para si mesmo, acabou-se o que era doce, deu-lhe uma dor no peito.
Dia seguinte à tarde foi surpreendido, um
telefonema, era Gioconda, pedindo que aparecesse no apartamento. Neno tocou a
campanhia, feliz surpresa quando ela abriu a porta, apenas uma toalha em volta
da cintura, nua. Deitou-se, estendeu-lhe os braços, Neno nervoso, “E Vitório?”
Ela respondeu carinhosamente. “Não existe problema, ele sabe, ele permite, fazer
amor para mim é direito essencial, venha meu professor de língua, meu professor
de português.”
O casal retornou a Milão. Neno ficou apenas
com lembranças e saudades da turista italiana.
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