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sábado, 16 de março de 2013

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA


 Miserando atque eligendo

Ronald Mendonça
Médico e membro da AAL


Soa inquestionável que os médicos cooperados da Unimed queriam que a atual diretoria permanecesse à frente da entidade para um segundo mandato. De fato, foi um desejo expresso nas urnas, em votação livre e secreta nesse dia 13/03. Certamente (espero), sem conchavos, negociatas espúrias, promessas de favorecimentos ou outros expedientes inconfessáveis, comuns em  territórios alhures.
Sem baixarias, bolsa família, bolsa consulta, bolsa exame, injúrias, calúnias ou difamações, a lealdade do certame não deixa dúvidas sobre a maturidade da cooperativa. A verdade é que qualquer que fosse o eleito, estaríamos bem servidos. Nesse aspecto, não há perdedores.  Não obstante, quer parecer imprescindível que a atual diretoria comece a preparar-se para voltar à planície, ao fim do mandato, entregando o bastão a um sucessor idôneo e capaz.
 Perpetuar-se no poder é coisa de ditadura. Dois mandatos já estão de bom tamanho. É tempo suficiente para  o sujeito gastar as idéias, exaurir a criatividade e esgotar a libido. Afinal, a Unimed não é uma Cuba, muito menos uma Venezuela. É pacífico que o poder vicia, embriaga e corrompe. Não vamos repetir erros. Tem gente por aí que não quer largar o osso, nem a pau. Se alguém fala em rodízio, alternância de poder, o sujeito vira uma fera. O único rodízio que ele aceita discutir é  o de  picanha...
 De tudo, o que parece fundamental é que a Unimed não deve lidar com seus cooperados e associados como um plano de saúde comum, posto que eliminamos o espectro do intermediário. Com efeito, ao  nos juntarmos numa cooperativa, elidimos Bradescos, Smiles e outras figuras que nos sugam e nos humilham.
Falo em eleições e já me lembro das bolsas esmolas que o governo federal espertamente distribui. Quem pode ser contra  um pão que se doa a um faminto? Atire a primeira pedra quem não se sensibiliza com as sebentas cuias vazias seguras por trêmulas e esquálidas mãos estendidas nas portas dos restaurantes, nas calçadas das igrejas, nas esquinas e becos... Por isso a tolerância a esses óbulos eleitoreiros.
Habemus papam. A cadeira de Pedro está ocupada. Seu caduceu nas mãos de um consistente argentino. Francisco foi dissecado pela esquerda e pela direita. Pela frente e por trás, rostral e caudalmente. Como já se disse, mesmo agnóstico, é bom saber que atrás daquelas vidraças  há um homem de vestes brancas  preocupado com os costumes. Sempre haverá quem  ande na linha apenas porque morre de medo das labaredas do inferno.


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